Exército libanês retira-se de postos de observação no extremo Sul do território. Israelitas declaram zona militar fechada em três cidades no Norte e atravessam a fronteira entre os dois países.
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As Forças Armadas de Israel (IDF) iniciaram esta noite ataques terrestres "limitados, localizados e direcionados" contra "alvos terroristas e infraestruturas do Hezbollah" no sul do Líbano, após duas semanas de ataques aéreos intensivos e o assassinato de vários comandantes do grupo, que culminaram na morte, na passada sexta-feira em Beirute, do líder do movimento xiita, Hassan Nasrallah. Ao final do dia, o exército libanês retirou-se e reposicionou as suas tropas na fronteira Sul do país, depois de as Forças de Defesa de Israel (FDI) terem declarado as áreas em torno de três cidades no extremo Norte – Metula, Misgav Am e Kfar Giladi –, junto à fronteira com o Líbano, como zona militar fechada.
Ataques de precisão através da fronteira foram também lançados por Israel esta noite, com a estação Al Jazeera a referir, citando a Agência Nacional de Notícias do Líbano (NNA), que fortes bombardeamentos de artilharia israelita, bem como sucessivos ataques aéreos, foram relatados em várias cidades e aldeias perto da fronteira com Israel.
“A próxima fase da guerra contra o Hezbollah começará em breve. Vamos fazê-lo. E como eu disse aqui há um mês, que vamos mudar o centro de gravidade [para Norte], é o que digo agora: vamos mudar a situação e devolver os moradores [israelitas] a casa”, avisara o ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, em reunião com os responsáveis do conselho local do Norte de Israel, citado pelo jornal “Times of Israel”, numa afirmação que sugeria que Israel estava a preparar a invasão terrestre do Líbano.
“Utilizaremos todos os meios que forem necessários - as vossas forças, outras forças, do ar, do mar e em terra. Boa sorte”, atirou ainda Gallant às tropas, antes do início da operação "em aldeias perto da fronteira" e que representam "uma ameaça imediata para as comunidades israelitas no norte" do país.
O vice-líder do Hezbollah, Naim Qassem, na primeira declaração desde que os ataques aéreos israelitas eliminaram Nasrallah, assegurou que “as forças de resistência estão prontas para um combate terrestre”.
Trinta minutos depois de as FDI terem emitido ordens de evacuação nos subúrbios de Beirute, tendo avisado os civis no bairro de Dahieh, no sul da capital libanesa, que deveriam retirar-se de imediato, dois ataques aéreos foram lançados sobre o bairro na noite de hoje, a que se seguiram dois outros já depois da meia-noite, hora local.
Telavive avisou Washington
O jornal “The Washington Post” citou uma autoridade norte-americana, não identificada, que adiantou que Israel comunicou aos EUA que a operação em causa terá menor dimensão do que a guerra de 2006 contra o Hezbollah e concentrar-se-á na segurança das fronteiras, tratando-se do que foi designado como uma incursão terrestre limitada.
Questionado sobre a operação iminente, o presidente norte-americano, Joe Biden, reiterou o apelo a um cessar-fogo. “Estou confortável com eles a pararem”, limitou-se a dizer aos jornalistas o líder da Casa Branca.
Ataque ao coração de Beirute
A Frente Popular para a Libertação da Palestina – milícia palestiniana no Líbano – anunciou que três dos seus líderes foram mortos no ataque de hoje ao centro de Beirute, naquela que foi a primeira vez que Israel atacou o centro da capital libanesa desde 2006. Também o Hamas anunciou esta segunda-feira que o seu líder no Líbano, Fatah Sharif Abu al-Amine, foi morto num ataque aéreo no sul do país.