O decreto anti-imigração do Presidente norte-americano, Donald Trump, proibindo a entrada nos Estados Unidos de cidadãos de sete países maioritariamente muçulmanos foi criticado por numerosos dirigentes em todo o mundo.
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Os países em causa na ordem executiva de Trump são: Irão, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iémen.
Reações:
Irão -- O decreto constitui uma "discriminação coletiva" e "ajuda os terroristas a recrutarem alargando a fratura iniciada pelos demagogos extremistas", escreveu hoje na rede social de mensagens curtas Twitter o chefe da diplomacia, Mohammad Javad Zarif. Teerão decidiu aplicar a reciprocidade e entregou um protesto escrito ao embaixador suíço que representa os interesses norte-americanos no Irão.
Iraque -- Os deputados iraquianos também pediram a reciprocidade, depois de uma importante coligação paramilitar iraquiana que participa na batalha de Mossul contra os 'jihadistas' do Estado Islâmico ter pedido a Bagdad para recusar a partir de agora a entrada de norte-americanos no país.
Sudão -- O Ministério dos Negócios Estrangeiros lamentou o decreto após o levantamento das sanções norte-americanas a 13 de janeiro.
Iémen -- O "governo" da rebelião xiita não reconhecido pela comunidade internacional considerou ser "ilegal e ilegítimo (...) classificar o Iémen e os seus cidadãos como fonte de terrorismo ou de extremismo".
Somália, Síria e Líbia -- Ainda não tinham reagido até ao meio dia de hoje.
Indonésia -- O país que tem o maior número de muçulmanos no mundo "lamentou profundamente" a ordem executiva de Trump.
Alemanha -- A chanceler Angela Merkel considerou que "não é justificável colocar pessoas sob uma suspeita generalizada em função das suas origens ou crenças", segundo o seu porta-voz.
França -- O Presidente, François Hollande, alertou Donald Trump no sábado, numa conversa telefónica, contra "o isolacionismo" e apelou ao "respeito" do princípio de "acolhimento dos refugiados". O chefe da diplomacia francês escreveu hoje no Twitter: "O acolhimento dos refugiados é um dever de solidariedade. O terrorismo não tem nacionalidade, a discriminação não é uma resposta".
Reino Unido -- "Não estamos de acordo com este tipo de abordagem", afirmou hoje um porta-voz da primeira-ministra, Theresa May, adiantando que ela intervirá se o decreto afetar cidadãos britânicos (devido à dupla nacionalidade).
Itália -- "A Itália apoia-se nos seus próprios valores", escreveu hoje no Twitter o chefe do Governo, Paolo Gentiloni. Sem se referir diretamente ao decreto, sublinhou: "sociedade aberta, identidade plural, nenhuma discriminação. Estes são os pilares da Europa".
Bélgica - "Estamos em desacordo com a proibição de acesso ao território (de cidadãos) de sete países muçulmanos", declarou hoje um porta-voz do primeiro-ministro, Charles Michel. Bruxelas vai pedir explicações ao Presidente norte-americano.
Luxemburgo -- "A decisão também é má para a Europa, pois vai reforçar a desconfiança e o ódio em relação ao Ocidente no mundo muçulmano", considerou o chefe da diplomacia, Jean Asselborn.
Holanda -- O chefe da diplomacia, Bert Koenders, declarou-se "preocupado com a legalidade e as consequências práticas" da decisão de Trump.
Suíça -- O ministro dos Negócios Estrangeiros, Didier Burkhalter, disse hoje num comunicado: "Sempre nos opusemos à discriminação dos seres humanos devido à sua religião ou proveniência. Neste sentido, o decreto dos EUA vai claramente no mau sentido". Considerou "contrário" às convenções de Genebra sobre os refugiados "suspender em geral o acolhimento de pessoas vindas da Síria".
Canadá -- "Aos que fogem da perseguição, do terror e da guerra, saibam que o Canadá vos receberá independentemente da vossa fé", escreveu no Twitter o primeiro-ministro, Justin Trudeau.
República Checa -- O Presidente, Milos Zeman, distinguiu-se por elogiar o decreto no sábado, considerando, segundo um 'tweet' do seu porta-voz, que Trump "protege o seu país, preocupa-se com a segurança dos seus cidadãos. Exatamente o que as elites europeias não fazem". "Agora temos aliados nos Estados Unidos", adiantou.