O dissidente cubano em greve de fome Guillermo Farinas declarou que irá até ao "martírio" para fazer pagar ao regime comunista de Havana "um alto custo político" pela morte de Orlando Zapata.
Corpo do artigo
"Sim, quero morrer. Chegou a hora em que o mundo se deve aperceber que este governo é cruel. Existem momentos na história dos países em que é necessário que existam mártires", declarou numa entrevista ao diário espanhol El Pais na sua casa em Santa Clara (centro).
O psicólogo e jornalista, de 48 anos, que não come nem bebe há uma semana, segundo o jornal, exige a libertação de 26 presos políticos cubanos com problemas de saúde.
Na terça feira indicou à agência noticiosa francesa AFP que tinha sido examinado por dois médicos enviados pelas autoridades cubanas, mas que recusou ser hospitalizado.
Orlando Zapata, o preso político morto há uma semana após uma greve de fome de dois meses e meio, foi "o primeiro passo na intensificação da luta pela liberdade em Cuba", segundo Farinas.
"Eu assumi o testemunho e quando eu morrer outro o carregará", assegurou, considerando que as autoridades cubanas não mudarão "até que 50 opositores estejam em greve de fome".
Além de Farinas, que está "extremamente fraco, mas que ainda consegue andar", segundo o El País, dois presos políticos cubanos iniciaram uma greve de fome após a morte de Zapata.
O líder histórico cubano Fidel Castro, de 83 anos, assegurou na segunda feira que nunca Cuba "ordenou o assassínio de um adversário", numa referência a Zapata. Fidel Castro cedeu o poder ao irmão, Raul Castro, em 2006.
Cuba nega ter presos políticos, afirmando que os dissidentes são "mercenários" a soldo dos Estados Unidos, que impõem um embargo ao país há 48 anos.