Chefe da diplomacia europeia defendeu, na cimeira do Conselho Europeu, que só Israel pode travar “crise humana” no enclave palestiniano. Líderes do bloco comunitário pedem “pausa humanitária imediata”.
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O quadro de tragédia humanitária em Gaza marcou o arranque, hoje, da cimeira do Conselho Europeu (CE), em Bruxelas, que contou com a presença dos chefes de Governo e de Estado dos 27 da UE e do secretário-geral da ONU, António Guterres. Os líderes do bloco comunitário apelaram “a uma pausa humanitária imediata que conduza a um cessar-fogo sustentável” no enclave. Se o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, assinalou que a única maneira de estancar a “crise humana” é Israel “respeitar mais os civis”, Guterres salientou que, num “Mundo caótico”, importa “respeitar princípios”.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, anunciou, já ao final do dia, que os líderes europeus chegaram a acordo para uma declaração unificada sobre Gaza. "A UE apela a uma pausa humanitária imediata que conduza a um cessar-fogo sustentável. O acesso humanitário completo e seguro a Gaza é essencial para fornecer à população civil assistência vital numa situação catastrófica em Gaza", disse Michel.
No texto acordado pelos 27, os líderes declaram: “O Conselho Europeu apela a uma pausa humanitária imediata que conduza a um cessar-fogo sustentável, à libertação incondicional de todos os reféns e à prestação de assistência humanitária”. O documento condena o Hamas "nos termos mais fortes possíveis pelos seus ataques terroristas brutais e indiscriminados em Israel em 7 de Outubro de 2023, reconhecendo o direito de Israel de se defender em conformidade com o Direito internacional e o Direito humanitário internacional, e apelando à libertação imediata de todos os reféns, sem qualquer pré-condição”.
O Conselho mostra-se ainda “profundamente preocupado com a situação humanitária catastrófica em Gaza e com o seu efeito desproporcionado sobre os civis, especialmente as crianças, bem como com o risco iminente de fome causado pela entrada insuficiente de ajuda em Gaza”, e defende que “o acesso humanitário completo, rápido, seguro e sem entraves à Faixa de Gaza e através de todas as rotas é essencial para proporcionar à população civil assistência vital e serviços básicos em grande escala”.
"Vivemos num Mundo caótico"
“O que está a acontecer hoje em Gaza é o fracasso da humanidade, não é uma crise humanitária, é o fracasso da humanidade, não é um terramoto, não é uma inundação, é um bombardeamento”, havia atirado Josep Borrell na chegada à cimeira. O chefe da diplomacia europeia considerou que “a única maneira de parar a crise humanitária, a crise humana, é Israel respeitar mais os civis e permitir mais apoio a Gaza”.
O secretário-geral das Nações Unidas dirigiu-se aos jornalistas para falar de princípios num contexto geopolítico ferido de beligerância. “Vivemos num mundo caótico, com as superpotências em conflito umas com as outras. Temos uma situação de impunidade, onde qualquer país ou qualquer grupo armado pensa que pode fazer o que quiser, porque não há responsabilização. E quando vivemos num mundo caótico, é muito importante respeitar princípios, e os princípios são claros: a Carta das Nações Unidas, o Direito internacional, a integridade territorial dos países, o Direito internacional humanitário”, salientou António Guterres.