Uma equipa do Catar iniciou, esta quarta-feira, a remoção de escombros para facilitar a circulação nas ruas e estradas de Gaza, após a retirada das tropas israelitas.
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A operação está a ser feita pelo Comité para a Reconstrução de Gaza criado pelo Catar em cooperação com os municípios da Faixa de Gaza, segundo um comunicado divulgado pela agência de notícias oficial de notícias QNA.
As equipas "começaram a reabrir as principais ruas de Gaza, removendo escombros e facilitando a circulação dos cidadãos palestinianos", noticiou a QNA, citada pela agência espanhola EFE.
A operação, para a qual foram mobilizadas máquinas, escavadoras e camiões fornecidos pelo Catar, ocorre numa altura em que milhares de deslocados do sul da Faixa de Gaza continuam a regressar ao norte.
O presidente da câmara de Gaza, Yahya al-Sarraj, disse que foi lançada "uma importante campanha" para reabrir ruas e estradas após o cessar-fogo com Israel, em vigor desde 10 de outubro, para permitir o regresso a casa dos deslocados.
"A campanha continua e está a ser desenvolvida com renovado vigor graças ao apoio do Comité do Catar para a Reconstrução de Gaza, com um grande número de escavadoras e camiões para continuar a abertura das principais estradas da cidade de Gaza", afirmou.
Segundo Sarraj, o próximo passo será a "distribuição de tendas e habitações temporárias para proteger crianças e mulheres do inverno e do frio que se avizinha nas próximas semanas". O autarca referiu também a necessidade de "reconstruir a economia".
Além do Catar, outras organizações internacionais e países árabes contactaram os municípios da Faixa de Gaza para fornecer materiais e equipamentos, mas Israel ainda "não permitiu a entrada dos fornecimentos urgentes", acrescentou.
A reconstrução da Faixa de Gaza, onde a destruição é quase total após dois anos de guerra, exigirá pelo menos 70 mil milhões de dólares (60,2 mil milhões de euros, ao câmbio atual), segundo a ONU.
Desse total, 20 mil milhões de dólares (17,2 mil milhões de euros) devem ser investidos nos próximos três anos para tornar a vida viável no enclave palestiniano, referiu a ONU na terça-feira, segundo a EFE.
O acordo de cessar-fogo faz parte de um plano de paz proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que prevê também o desarmamento do Hamas e a retirada total das tropas israelitas da Faixa de Gaza.
As fases seguintes do plano, incluindo o governo do território por uma administração transitória internacional, terão ainda de ser negociadas pelas partes.
A atual guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelo ataque do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro de 2023, que causou cerca de 1200 mortos e 251 reféns. Israel respondeu com uma ofensiva militar que provocou mais de 67.900 mortos, embora o número de vítimas mortais possa ser superior por se temer que haja corpos sob os escombros.
As autoridades de Gaza também têm reportado a descoberta de corpos em zonas das quais as tropas israelitas se retiraram nos últimos dias. Israel foi acusado de genocídio em Gaza e de usar da fome como arma de guerra, o que negou. O Hamas é considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos, União Europeia, Reino Unidos e outros países.