Fim de bloqueio a suprimentos humanitários está previsto para esta quinta-feira. Tensões continuam entre islamitas e israelitas devido à entrega de cadáveres pelos dois lados.
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Depois de Israel ter restringido, na terça-feira, a entrada de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza através da passagem de Rafah, os média israelitas anunciaram a reabertura do corredor na fronteira com o Egito - sob supervisão da União Europeia (UE). À expectativa pelo regresso de suprimentos vitais juntaram-se as críticas pelo bloqueio hebraico.
Após a entrega de quatro corpos na terça-feira - mesmo que um deles não seja de um refém -, a televisão estatal israelita KAN noticiou a abertura iminente da passagem de Rafah. Até ao fim da tarde, isto não se tinha concretizado. Mas o jornal "The Times of Israel" informou, citando uma fonte diplomática, que a entrada a Gaza por pessoas e veículos seria possível a partir de hoje, com uma missão de apoio da UE a supervisionar a operação.
A interrupção do fluxo de mantimentos para o enclave foi criticada pela organização não-governamental (ONG) Medical Aid for Palestinians. "É francamente ultrajante que a ajuda humanitária essencial e as vidas dos palestinianos sejam utilizadas por Israel como moeda de troca nas negociações, quando é sua obrigação, segundo o Direito Internacional, garantir a sua entrada", disse à estação BBC Fikr Shalltoot, diretor da ONG para Gaza.
O diretor do gabinete de Direitos Humanos da ONU disse que a abertura da passagem de Rafah "deveria acontecer agora". "Queremos que aconteça imediatamente, como parte deste acordo", salientou Tom Fletcher, ouvido pela agência France-Presse.
O pouco de suprimentos que entrou foi por outras partes da fronteira. "A ajuda humanitária continua a entrar na Faixa de Gaza através da passagem de Kerem Shalom e outras passagens após inspeção de segurança israelita", assegurou um representante das forças de segurança hebraicas, em declarações reproduzidas pela agência Reuters.
Em Khan Younis, também no Sul do enclave, mais 45 corpos de palestinianos foram entregues por Israel, totalizando 90 desde a implementação da primeira etapa do plano de paz. Equipas de Saúde estão a examinar os cadáveres para identificar os mortos, mas fontes médicas revelaram ao canal catari "Al Jazeera" que alguns dos corpos estavam com os olhos vendados e algemados, o que pode indicar a prática de "execuções".
Repressão pelo Hamas
Várias fações palestinianas apoiaram as execuções extrajudiciais feitas pelo Hamas como forma de punição para alegados "colaboradores [de Israel] e bandidos". Um destes grupos, a Frente Popular para a Libertação da Palestina, frisou que os islamitas estão a atingir "polos do crime".
A presidência da Autoridade Palestiniana condenou tais ações, classificando-as como "crimes hediondos" e sublinhando que estas constituem "uma violação flagrante dos direitos humanos". O Comando Central das Forças Armadas dos Estados Unidos exigiu também o fim "imediato" destas ocorrências.