O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, confirmou, esta sexta-feira, a visita à Turquia do príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, a sua primeira visita oficial ao país após o assassínio do jornalista Jamal Khashoggi em Istambul.
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"Vamos receber o príncipe herdeiro na quarta-feira em Kulliye", o palácio presidencial turco em Ancara, disse o chefe de Estado turco aos jornalistas.
"Encontraremos a oportunidade de avaliar até onde podemos levar as relações entre a Turquia e a Arábia Saudita", sublinhou o Presidente turco.
Erdogan recebe o príncipe herdeiro saudita quando a economia turca passa por um momento crítico, nomeadamente devido à alta nos preços dos alimentos e energia.
Esta situação, aliada ao descontentamento popular, também coloca em risco a reeleição do atual Presidente turco nas eleições marcadas para junho de 2023.
Segundo a oposição turca, o contexto económico - o pior desde que Erdogan chegou ao poder em 2003 - é o motivo da mudança de posição do Presidente, que há meses tenta melhorar o seu relacionamento com os países do Golfo Pérsico.
As ligações com a Arábia Saudita, que estavam em crise desde o apoio de Erdogan aos protestos da Primavera Árabe, pioraram com o assassínio do saudita Jamal Khashoggi, jornalista e colunista do jornal "Washington Post", um opositor do governo de Riade.
Khashoggi, que vivia nos Estados Unidos, foi assassinado no consulado da Arábia Saudita em Istambul, em 2 de outubro de 2018.
Num primeiro passo para restabelecer as relações, Erdogan visitou a Arábia Saudita no final de abril como convidado oficial do rei saudita, Salman bin Abdulaziz al-Saud, e também se encontrou com o príncipe herdeiro, que segundo os Estados Unidos esteve envolvido no assassínio de Jamal Khashoggi.
Apesar do relatório dos serviços de informações norte-americanos (CIA), Mohammed bin Salman negou qualquer envolvimento no caso de Khashoggi, que foi morto no consulado por 15 agentes sauditas.
Na época, Ancara culpou diretamente o Governo saudita e processou 26 cidadãos sauditas, acusados de matar e fazer desaparecer o corpo do jornalista.
No entanto, para reparar as relações, a Justiça turca encerrou o caso em abril e entregou o processo à Arábia Saudita.