O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, culpou, esta segunda-feira, os capacetes azuis do incidente ocorrido na sexta-feira em Chipre, em que a ONU acusou forças cipriotas turcas de os terem agredido na ilha dividida.
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"A intervenção dos capacetes azuis (...) é inadmissível para nós. (...) Com a sua intervenção junto dos aldeões e as suas declarações inapropriadas, os capacetes azuis minaram a sua imparcialidade e a sua reputação já manchadas", declarou o chefe de Estado turco.
"Impedir o acesso de cipriotas turcos de Pyla à sua própria terra é ilegal e desumano", acrescentou.
O incidente, um dos mais graves nos últimos anos, causou reações internacionais de condenação. Ocorreu em Pyla, a única aldeia onde vivem lado a lado cipriotas gregos e turcos, na linha verde monitorizada pelas Nações Unidas.
A ONU indicou que quatro capacetes azuis tinham ficado feridos e que os seus veículos tinham sido danificados quando tentavam impedir "obras de construção não-autorizadas" perto de Pyla.
"A situação está tranquila hoje, após as agressões da semana passada", afirmou hoje Stéphane Dujarric, o porta-voz do secretário-geral da organização, António Guterres.
A zona tampão, ou linha verde, divide a ilha entre a República de Chipre, Estado-membro da União Europeia que exerce a sua autoridade no sul do território, e a República Turca de Chipre do Norte (RTCN), autoproclamada e apenas reconhecida pela Turquia, que invadiu o terço norte da ilha em 1974, em resposta a um golpe de Estado de nacionalistas cipriotas-gregos que pretendiam anexar o país à Grécia.
O Conselho de Segurança da ONU reunir-se-á hoje à porta fechada para analisar a questão.
As autoridades da RTCN, segundo as quais o projeto das obras em Pyla se destinava a facilitar a circulação da sua população, rejeitaram as alegações "infundadas" da missão da ONU.