A Casa Branca garantiu, esta sexta-feira, que os Estados Unidos não procuram um conflito com o Irão, apesar dos ataques no Iémen contra os Huthis apoiados por Teerão.
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"Não estamos à procura de um conflito com o Irão. Não estamos à procura de uma escalada e não há razão para que haja uma escalada além da que ocorreu nos últimos dias", assegurou John Kirby, porta-voz do gabinete de Segurança Nacional, durante uma entrevista televisiva.
Contudo, o porta-voz reconheceu não ter dúvidas sobre o apoio iraniano aos rebeldes iemenitas. "Os Huthis puxam o gatilho, mas os iranianos fornecem a arma", explicou Kirby.
Todas as ações dos Estados Unidos contra os rebeldes no Iémen, adiantou, foram realizadas após consultas com os países aliados e sempre procurando evitar que "o conflito entre Israel e o Hamas se expanda e se transforme num conflito maior".
Governo iemenita acusa Huthis de arrastarem país para cenário de confronto
O Governo iemenita no exílio acusou os rebeldes huthis de "arrastarem o país para um cenário de confronto" e afirmou seguir "com grande preocupação a escalada militar" após os recentes ataques noturnos dos Estados Unidos e Reino Unido.
Citado pela agência noticiosa SABA, o Governo iemenita, exilado na Arábia Saudita, sublinhou que os ataques e ofensivas dos milicianos Huthis contra navios no Mar Vermelho, em sinal de alegado apoio aos palestinianos, têm uma componente de propaganda. "Não têm qualquer ligação real com o apoio aos irmãos na Palestina ocupada", sublinhou o executivo iemenita num comunicado, frisando, porém, que "algumas das políticas da comunidade internacional" no Iémen "contribuíram" para a "sobrevivência e fortalecimento" dos rebeldes que controlam a maior parte do país, incluindo a capital, Saná.
No comunicado, o Governo exilado iemenita salientou que, embora a comunidade internacional tenha intensificado a resposta contra as milícias Huthis, os rebeldes foram encorajados nos últimos meses a cometer mais atos hostis que, hoje, "representam uma ameaça à segurança e à estabilidade em todo o mundo".
O executivo iemenita internacionalmente reconhecido acusou também os rebeldes Huthis de porem em risco a segurança da navegação no Mar Vermelho e no Estreito de Bab el-Mandeb através de ataques que "dependem das ordens do regime iraniano" e facilitam o projeto regional de Teerão "à custa do povo iemenita".
O governo iemenita sustentou que tem a responsabilidade e o direito soberano de melhorar as condições de segurança no Mar Vermelho e na região em geral, mas que isso exige o restabelecimento de instituições estatais legítimas.
No entanto, reiterou a rejeição dos ataques israelitas à Faixa de Gaza e exigiu a entrega de ajuda humanitária às populações palestinianas.
Canadá participou nos ataques
Militares canadianos participaram nos ataques lançados na madrugada de hoje pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido contra posições militares mantidas pelos rebeldes Huthis no Iémen, confirmou o Governo canadiano.
A ministra dos Negócios Estrangeiros, Mélanie Joly, e o ministro da Defesa, Bill Blair, afirmaram em comunicado que "o pessoal das Forças Armadas canadianas destacado para o Comando Central dos Estados Unidos (CENTCOM)" esteve envolvido nos ataques. "Estes ataques de precisão são coerentes com a Carta das Nações Unidas e demonstram o empenho da comunidade internacional em defender a liberdade de navegação e o comércio internacional no Mar Vermelho", afirmaram os ministros canadianos.
O Governo canadiano condenou "os ataques irresponsáveis dos Huthis contra navios comerciais e tripulações que operam no Mar Vermelho" e argumentou que estão a causar um "impacto direto no fluxo de alimentos, combustível, ajuda humanitária e outros bens essenciais" em todo o mundo.
Os Estados Unidos e o Reino Unido bombardearam os Huthis no Iémen na madrugada de hoje, em resposta aos ataques deste movimento contra o tráfego marítimo no Mar Vermelho. Estes ataques - que visam radares, bem como capacidades de armazenamento e lançamento de drones e mísseis - estão a alimentar os receios de uma escalada regional do conflito em Gaza entre Israel o Hamas, que entrou no quarto mês.