O partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) anunciou esta segunda-feira a demissão de um elemento daquela força partidária que, segundo declarações tornadas públicas, propôs "abater" ou "gasear" os refugiados que chegam ao país.
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O funcionário partidário em questão é Christian Lüth, um ex-porta-voz do partido na câmara baixa do Parlamento alemão (Bundestag).
A decisão de o demitir, sem aviso prévio, foi tomada por unanimidade pelo conselho executivo do grupo parlamentar da AfD na câmara baixa do Parlamento alemão, de acordo com o partido.
As declarações polémicas deste quadro da AfD remontam a fevereiro passado e foram gravadas por uma equipa de uma televisão privada alemã, tendo sido tornadas públicas hoje.
Durante uma conversa, Christian Lüth defendeu "a chegada de ainda mais refugiados" ao território alemão, argumentando então que "quanto pior for a situação na Alemanha, melhor é para a AfD".
Nessa mesma conversa, gravada então pelo canal privado ProSieben e hoje transmitida pela mesma estação, Christian Lüth acrescentou: "Depois pudemos abatemo-los todos. Isso não constitui qualquer problema. Ou gaseá-los, ou o que vocês quiserem. Não me importo!".
A gravação da conversa foi divulgada sem mencionar o nome de Christian Lüth, mas vários meios de comunicação social alemães identificaram o ex-porta-voz parlamentar e a AfD decidiu avançar com o seu despedimento.
Christian Lüth, de 44 anos, já tinha sido suspenso pelo partido em abril último, após ter reivindicado origens "arianas" e de se ter designado como "fascista".
Trabalhava para a AfD desde 2013 e ocupava o cargo de porta-voz do grupo parlamentar desde a entrada do partido de extrema-direita na câmara nacional de deputados em 2017.
Este caso surge numa altura em que o seio da AfD, o principal partido da oposição na câmara dos deputados alemã, tem sido afetado, durante os últimos meses, por várias rivalidades e disputas internas entre a ala mais moderada e a ala radical, que está próxima dos movimentos neonazis.
A fação radical da AfD, cuja influência tem vindo a crescer, defende, nomeadamente, o fim da cultura de arrependimento face aos crimes perpetrados pelo regime nazi entre 1933 e 1945.
A polícia alemã decidiu recentemente colocar esta fação da AfD sob vigilância, justificando que o movimento representa uma ameaça para o Estado democrático alemão.