A família de Jair Bolsonaro desdobrou-se este domingo em manifestações contra a suposta "ditadura judicial" e pela amnistia dos acusados de tentativa de golpe de Estado, antes do início da última semana do julgamento do ex-Presidente brasileiro.
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No dia em que o país celebra o dia da independência, no Rio de Janeiro, juntamente com milhares de manifestantes, na orla de Copacabana, estiveram os filhos de Bolsonaro Flávio e Carlos, senador e vereador do Rio de Janeiro, respetivamente.
"O próprio Supremo vai dar a cabeça de Alexandre de Moraes na bandeja para o povo brasileiro, porque ele foi longe demais. E eles sabem disso. Todos no Supremo sabem que Alexandre de Moraes foi longe demais. Todos no Supremo sabem que Bolsonaro é inocente", disse Flávio Bolsonaro, durante o seu discurso, perante milhares de apoiantes, em cima de um camião.
Flávio Bolsonaro referiu-se assim a Alexandre de Moraes, juiz relator do processo que pode levar o seu pai e mais sete membros da sua cúpula a mais de 40 anos de prisão.
Carlos Bolsonaro juntou-se depois ao outro irmão, Renan Bolsonaro, vereador em Balneário Camboriú, e seguiu para Florianópolis, cidade sulista do estado de Santa Catarina e onde o ex-Presidente brasileiro goza de uma popularidade muito significativa.
"O Brasil clama por sua liberdade - e o Brasil terá sua liberdade de volta!", escreveu, nas redes sociais, acompanhado por um vídeo da manifestação.
A mulher de Jair Bolsonaro, Michelle, deslocou-se à avenida Paulista, naquela que foi a maior manifestação "bolsonarista" de hoje, proferindo um discurso no qual invocou quase sempre deus e se emocionou.
"Eu sei que Ele me chamou. Eu sei que Ele chamou Jair Messias Bolsonaro para um momento da nossa história. Eu sei que Ele enviará a dupla honra. Eu sei disso. Eu sei que a nossa nação será livre dessa ditadura judicial. Eu sei", afirmou.
Os três governadores dos estados do Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo marcaram presença nas manifestações de apoio a Bolsonaro.
Já o deputado federal Eduardo Bolsonaro, que se encontra nos Estados Unidos a trabalhar nos bastidores em prol do pai, o que terá facilitado a imposição de tarifas de 50% ao país e as sanções ao juiz Alexandre de Moraes impostas por Donald Trump, reagiu às manifestações através das redes sociais.
"Imagens de drone hoje, dia da independência do Brasil, em mais um protesto pró liberdade e contra Alexandre de Moraes. Grande bandeira dos EUA pode ser vista em agradecimento ao Presidente Donald Trump", escreveu o deputado federal numa publicação de um vídeo das manifestações em São Paulo, na qual é visível uma bandeira gigante dos Estados Unidos.
Na semana passada, começou a etapa final do julgamento que pode levar o ex-Presidente brasileiro a mais de 40 anos de prisão, com o procurador-geral a afirmar que "todos [os oito arguidos] convergiram (...) para o objetivo comum de assegurar a permanência do Presidente da República na época".
Nas duas primeiras sessões do julgamento, realizadas segunda e terça-feira, foram ouvidas as oito defesas, seguindo-se, de terça a sexta-feira desta semana, a votação dos cinco juízes que compõem a Primeira Turma (coletivo) do Supremo Tribunal Federal (STF).
A decisão pela absolvição ou condenação será tomada por maioria de votos, havendo depois tempo para defesa e acusação poderem interpor embargos de declaração (recursos) para corrigir eventuais contradições ou omissões.
Caso a decisão seja de três a dois (com dois votos pela absolvição), a defesa pode ainda recorrer ao plenário do STF, que tem 11 juízes.
Este grupo chamado de "Núcleo 1" ou "Núcleo Crucial", composto por oito réus, responde por tentativa de abolição violenta do Estado de Direito Democrático, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de património.