A Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC) atribuiu o ataque de sexta-feira contra a selecção do Togo a dissidentes e questiona o papel do Governo angolano na operação.
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Joel Batila, secretário-geral da FLEC, falou à Agência Lusa por telefone a partir de Paris, onde reside. O dirigente diz que o governo angolano tem de explicar por que razão, sabendo a situação no território, permitiu que a selecção do Togo viajasse de autocarro.
Outra questão levantada por Joel Batila é o facto de os cerca de 15 minutos que durou o tiroteio não terem chamado a atenção de militares angolanos, do contingente estacionado em Cabinda.
"Como é que eles (Governo angolano) autorizaram a equipa do Togo a sair em Ponta Negra (República do Congo) de machibombo (autocarro), quando eles sabem que aquela zona é uma zona muito sensível e autorizaram outros (as selecções da Costa do Marfim, Burkina Faso e Gana) a ir de avião?", questionou.
"O Governo de Angola tem uma grande responsabilidade em explicar porque, com muitos militares lá, houve confrontos de 15 minutos. Isso significa que eles planificaram as coisas que iam acontecer", acrescentou.
Joel Batila rejeita liminarmente a responsabilidade da acção de sexta-feira e atribui-a aos dissidentes das autoproclamadas Forças de Libertação do Estado de Cabinda/Posição Militar (FLEC/PM).
A operação foi reivindicada pelas FLEC/PM, em comunicado assinado pelo seu líder, Rodrigues Mingas.
O ataque ao autocarro da selecção do Togo causou três mortos, incluindo o treinador-adjunto, o adido de imprensa e o condutor angolano da equipa.
As autoridades angolanas anunciaram a detenção de dois suspeitos que, segundo afirmou fonte militar à Agência Lusa, "não participaram directamente no ataque", mas são residentes em Cabinda e próximos da FLEC.
"A FLEC não tem nada a ver com o ataque de sexta-feira. Rodrigues Mingas não pertence actualmente à FLEC, dirigida pelo presidente N'zita Henriques Tiago, desde Junho do ano passado. A FLEC é um movimento responsável, não pode aceitar uma anarquia destas. Cabe a ele (Rodrigues Mingas) a responsabilidade daquilo que está a reivindicar", frisou.
Para Joel Batila, o Governo angolano tem uma única preocupação: "Desacreditar a FLEC".
Luanda continua sem responder às propostas de abertura de "negociações sinceras" para pôr termo à guerra em Cabinda, acusa. "Queremos encontrar uma solução pacífica, mas os responsáveis angolanos são orgulhosos. Nem respondem. Eles só têm confiança nas armas, querem resolver tudo com armas", considerou.