A Flotilha Global Sumud acusou este domingo Israel de permitir maus-tratos e agressões aos mais de 440 participantes da missão humanitária à Faixa de Gaza, assim como de negar acesso a água potável e medicamentos.
Corpo do artigo
A organização da flotilha disse que os participantes "relataram várias formas de maus-tratos e agressões por parte dos guardas prisionais" na prisão de Ketziot, no deserto do Negev, no sul de Israel.
Na plataforma de mensagens Telegram, o grupo alertou ainda para a "falta de acesso a água potável" e que "medicamentos estão a ser retidos".
A flotilha continua "a receber atualizações" da organização não governamental Adalah Lawyers, responsável pela defesa dos "voluntários raptados em águas internacionais e detidos ilegalmente em prisões israelitas".
"Os advogados ainda não conseguiram reunir com todos os participantes, mas vão fazê-lo nos próximos dias", acrescentou a Flotilha Global Sumud.
No sábado, a Suécia solicitou a Israel que forneça imediatamente água potável, alimentos e tratamento médico aos suecos detidos que seguiam na flotilha com destino a Gaza.
A declaração da diplomacia da Suécia surgiu horas depois de ativistas pró-palestinianos, que chegaram a Istambul depois de terem sido expulsos de Israel, terem declarado ter sido vítimas de violência e "tratados como animais" durante a interceção da frota.
Na sexta-feira, representantes da Embaixada da Suécia em Tel Aviv foram autorizados a visitar nove suecos na prisão de Ketziot, referiu o Ministério dos Negócios Estrangeiros, sem revelar a identidade dos detidos.
Cela infestada de percevejos
A ativista sueca pelo clima Greta Thunberg fazia parte da frota intercetada. Segundo o jornal The Guardian, Greta disse às autoridades suecas que foi detida numa cela infestada de percevejos, com pouca comida e água.
"Com base nas conversas, [a embaixada da Suécia] salientou a importância de responder às necessidades médicas individuais", adiantou a diplomacia sueca.
As forças israelitas intercetaram entre quarta e quinta-feira a Flotilha Global Sumud, com cerca de 50 embarcações, que se dirigia à Faixa de Gaza para entregar ajuda humanitária, detendo os participantes, incluindo quatro cidadãos portugueses: a líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, a atriz Sofia Aparício e os ativistas Miguel Duarte e Diogo Chaves.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, disse esperar que os cidadãos portugueses possam regressar ao país "sem nenhum incidente", considerando que a mensagem da flotilha humanitária foi transmitida.
Também foram detidos 30 espanhóis, 22 italianos, 21 turcos, 12 malaios, 11 tunisinos, 15 brasileiros e 10 franceses, bem como cidadãos dos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, México e Colômbia, entre muitos outros.
Os organizadores denunciaram a falta de informação sobre o paradeiro de 443 participantes da missão humanitária.