A detenção do director-geral do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn, nos Estados Unidos coloca numa situação "muito delicada" a instituição, que o pode dispensar por "violação grave" do código de conduta.
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Segundo a France Presse, o FMI já lhe havia perdoado uma relação com uma subordinada, mas a instituição impõe um código de conduta aos funcionários internacionais que lhes pede não só para respeitar as leis, mas também para "seguir as normas mais elevadas de comportamento ético, conforme os valores de integridade, imparcialidade e discrição".
Este domingo, Strauss-Khan foi "formalmente acusado de agressão sexual, de sequestro e de tentativa de violação de uma jovem mulher de 32 anos num quarto de hotel em Nova Iorque", tendo sido depois forçado a sair pelas autoridades policiais de um avião da Air France, em Nova Iorque.
Os factos pelos quais é acusado, uma agressão sexual, são potencialmente uma razão para o FMI o demitir de funções, que deveriam prolongar-se até ao final de 2012.
A curto prazo, o FMI não é obrigado a tomar uma decisão e pode funcionar sem o director-geral. O primeiro director-geral adjunto, o norte-americano John Lipsky, pode assumir o comando da organização.
O contrato de trabalho de Strauss-Kahn, publicado pelo FMI quando assumiu funções em Novembro de 2007, prevê o pagamento de uma indemnização, mesmo que seja demitido pelo conselho de administração, que seria equivalente a 60% do salário anual.
O FMI já teve de gerir uma outra situação difícil com Strauss-Kahn. Em Janeiro de 2008, o director-geral havia mantido uma relação com uma subordinada, uma economista húngara, Piroska Nagy, em Davos, na Suiça.
Depois de uma investigação de um escritório de advogados de Washington, que concluiu que a relação tinha sido consentida, o conselho de administração do FMI manteve DSK em funções, mas acusou-o de "grave erro de julgamento".
O anúncio da acusação de DSK surge numa altura em que o FMI atravessa uma das fases mais críticas da sua história, com o agravamento da crise financeira na zona euro.
Uma missão do FMI começou a trabalhar na terça-feira em Atenas para examinar, com os funcionários da Comissão europeia e do banco central europeu, as condições da atribuição da quinta tranche da ajuda dada à Grécia em maio de 2010. O empréstimo acordado à Grécia deverá ser o maior alguma vez dado pela instituição.
O FMI também deverá dar "luz verde" a curto prazo ao empréstimo acordado com Portugal.
Na segunda-feira, o conselho de administração do FMI também tinha previsto examinar a atribuição da segunda e da terceira tranches do empréstimo acordado em Dezembro à Irlanda.
No entanto, é muito provável que esta reunião acabe por estar centrada no caso pessoal do diretor-geral do FMI, muito apreciado pela grande maioria dos colaboradores, acrescenta a AFP.