Pelo menos 18 pessoas foram detidas e grandes quantidades de drogas apreendidas durante uma operação das forças armadas do Brasil contra organizações criminosas que operam nas favelas do Rio de Janeiro.
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Segundo fontes oficiais, a operação mobiliza cerca de mil membros do exército, da marinha e da polícia, que ocuparam sete favelas na zona norte do Rio de Janeiro no início da manhã para cumprir 14 mandados de prisão emitidos contra os líderes dos gangues que controlam o tráfico de drogas.
Uma das favelas ocupadas foi a de Jacarezinho, onde sete pessoas morreram nos últimos dez dias vítimas de confrontos entre a polícia e os traficantes.
Entre os detidos está um soldado suspeito de dar informações aos traficantes sobre as operações de segurança
Esta foi a terceira operação naquela cidade que mobilizou um grande número de militares desde o final de julho, quando o governo brasileiro enviou cerca de 10 mil soldados e agentes das forças de segurança de outros estados para combater uma grave onda de violência no Rio de Janeiro.
No início de agosto, cerca de cinco mil membros do exército e da polícia ocuparam diferentes favelas no norte e oeste da capital carioca para combater organizações dedicadas ao roubo de carga e a 16 de agosto outros 2500 soldados fizeram incursões contra o tráfico de drogas em diferentes bairros de Niterói, cidade da região metropolitana do Rio de Janeiro.
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Entre os presos na operação desta segunda-feira, além dos presumíveis traficantes de drogas, consta o nome de um soldado recruta do exército chamado Matheus Ferreira Lopes Aguiar, que é suspeito de dar informações aos traficantes das operações que acontecem no Rio de Janeiro.
Segundo o coronel Roberto Itamar, porta-voz do Comando Militar do Leste, nas operações desta manhã não se registaram confrontos armados ou atos de resistência por parte dos narcotraficantes.
Enquanto os militares estavam encarregados de cercar as favelas ocupadas, os polícias entraram para procurar traficantes de drogas.
Membros das Forças Armadas bloquearam algumas ruas, bem como o espaço aéreo das áreas de operações.
Rio de Janeiro atravessa grave crise económica que contribuiu para o aumento dos níveis de insegurança
A operação dá sequência a um plano anunciado pelo Governo brasileiro depois de um decreto assinado pelo presidente Michel Temer autorizar a participação das Forças Armadas em operações de segurança pública no Rio de Janeiro até dezembro do próximo ano.
A intervenção presidencial aconteceu a pedido do Governo do estado do Rio de Janeiro, a atravessar uma grave crise económica que contribuiu para o aumento dos níveis de insegurança, com uma média de vinte mortes violentas por dia e mais de 100 policias mortos desde o inicio deste ano.
De acordo com um documento confidencial do Secretário de Segurança ao qual o jornal "Extra" teve acesso, o Rio de Janeiro tem 843 áreas controladas por grupos armados.
Para a Amnistia Internacional, apenas um ano depois de organizar os Jogos Olímpicos de 2016, o Rio de Janeiro sofre uma "crise dramática em todos os níveis", embora a ONG tenha alertado sobre o impacto negativo da militarização e considerado que um aumento da polícia e do exército nas ruas não são a solução para a violência.