França reforça contingente militar na República Centro-Africana após ofensiva rebelde
A França reforçou com mais 350 soldados o contingente militar francês destacado na República Centro-Africana, cuja capital, Bangui, foi tomada pelos rebeldes, de forma a garantir a segurança de cidadãos franceses e estrangeiros, informou uma fonte oficial.
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A primeira equipa com 200 soldados chegou no sábado a Bangui e os restantes 150 elementos, provenientes de Libreville, Gabão, chegaram este domingo, de acordo com mesma fonte francesa, citada pela agência noticiosa francesa AFP.
Atualmente, estão cerca de 600 efetivos miliares franceses na República Centro-Africana. Cerca de 250 soldados franceses já estavam destacados nesta antiga colónia francesa.
A França dispõe de uma base militar no Gabão, reservada para acolher forças regularmente envolvidas em crises regionais. Em dezembro passado, durante a primeira ofensiva rebelde do grupo Séléka, a presença militar francesa em Bangui já tinha sido reforçada.
A capital centro-africana caiu este domingo depois de uma ofensiva de três dias lançada pela coligação rebelde Séléka para derrubar o Presidente François Bozizé, a quem os rebeldes acusam de não respeitar os acordos assinados no início do ano.
O presidente François Bozizé fugiu para a República Democrática do Congo, atravessando o rio Ubanguim, no momento em que os rebeldes atacavam o palácio presidencial, depois de controlarem a capital.
Entretanto, o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) lançou hoje um apelo para conseguir deslocar elementos para Bangui, onde "muitos feridos" estão a aglomerar-se nos hospitais e centros médicos locais.
Neste momento, e por motivos de segurança, apenas os socorristas da Cruz Vermelha centro-africana estão a trabalhar no terreno, indicou a organização internacional, num comunicado.
A organização, com sede em Genebra, "lança um apelo para que o pessoal médico e socorristas possam ter acesso aos feridos e fazer o seu trabalho sem serem perturbados".
Na mesma nota, o CICV apelou ao respeito para com a população civil, pessoas que não participam nos combates, feridos, estruturas médicas e o pessoal da Cruz Vermelha, num momento em que existem relatos de pilhagens e de hospitais sobrelotados.
"As estruturas médicas não são capazes de responder a este fluxo. Os frequentes cortes de energia estão a dificultar o funcionamento das estruturas médicas e podem ter consequências dramáticas para as pessoas que necessitam de cuidados", afirmou o chefe da delegação da Cruz Vermelha na República Centro-Africana, Georgios Georgantas.
"Face a esta situação, lembramos a todas as partes envolvidas no conflito que devem fazer a distinção entre alvos militares e alvos civis", reforçou o responsável.
A coligação Séléka lançou uma primeira ofensiva a 10 de dezembro de 2012 contra o regime de Bozizé para exigir respeito por vários acordos de paz assinados com o Governo, entre 2007 e 2011.
Após ter assinado um acordo de paz a 11 de janeiro em Libreville, Gabão, a coligação rebelde aceitou a 06 de fevereiro, após alguns recuos e reservas, participar num governo de transição de unidade nacional.
O acordo de Libreville também previa um cessar-fogo, a permanência do presidente François Bozizé até ao final do seu mandato em 2016, a organização de eleições legislativas após um período de transição de 12 meses e a retirada de todas as forças militares estrangeiras da República Centro-africana, à exceção das Forças Africanas de Interposição (FOMAC).
A coligação Séléka reclamava também a integração dos seus combatentes no exército, algo que não consta dos acordos de paz.
No entanto, a coligação rebelde retomou as hostilidades esta semana depois de ter expirado um ultimato apresentado ao regime de Bozizé, onde exigia o respeito dos acordos de Libreville.