Novecentos analistas foram enviados para monitorizar eleições na Hungria. Segundo os primeiros resultados, primeiro-ministro deve continuar no poder.
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"O sr. Zelensky não vai votar hoje". Foi assim que Viktor Orbán respondeu aos jornalistas, após exercer o seu direito de voto nas eleições legislativas da Hungria, que decorreram este domingo e garantiram-lhe uma vitória confiante, segundo os resultados ao início da noite.
O primeiro-ministro húngaro e líder do partido de extrema-direita Fidesz não se apoquentou com as palavras duras do presidente ucraniano, horas antes da abertura das urnas.
Ao início da noite deste domingo, o partido de Viktor Orbán liderava com quase 60% dos votos, o que deverá garantir-lhe uma maioria no Parlamento.
"Ele é o único na Europa a apoiar o sr. Putin. Nós não pedimos nada de especial a Budapeste", disse Volodymyr Zelensky num vídeo publicado nas redes sociais no sábado à noite. A guerra na Ucrânia tem servido como arma de arremesso entre os apoiantes de Orbán e os de Péter Márki-Zay, o candidato da oposição que representava seis partidos políticos.
Este domingo, o recandidato do Fidesz disse que a guerra e a paz estavam em "jogo" nas eleições legislativas. Viktor Orbán tem-se recusado a enviar armas para a Ucrânia ou sequer a facilitar o seu transporte pelo território húngaro. Durante a campanha eleitoral, assumiu-se com um zelador da paz e um protetor dos interesses da Hungria.
Votos queimados
Já Péter Márki-Zay, o líder da oposição que chegou a aproximar-se de Orbán nas sondagens, acusou o Governo húngaro de trair os interesses da União Europeia e da NATO, ao não apoiar plenamente a Ucrânia. "Continuo a dizer que temos de parar Putin, não Bruxelas", disse numa entrevista.
Não é só Zelensky a questionar Orbán, que está há 12 anos no poder. As suspeitas de fraude eleitoral voltaram a ser mencionadas, tal como tinha acontecido em 2014 e 2018. Segundo a imprensa húngara, 900 observadores internacionais estiveram a acompanhar o processo eleitoral, sendo que 235 representavam a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa.
Vários boletins de voto, alegadamente favoráveis à oposição, foram encontrados queimados num aterro na Transilvânia, região romena onde vivem cidadãos húngaros com direito de voto. O comité eleitoral disse que não vai investigar por não ter jurisdição na Roménia.