Uma equipa da AMI, liderada pelo presidente, Fernando Nobre, parte para a Etiópia, esta quinta-feira, com o objectivo de preparar uma missão destinada à assistência médica da população atingida pela crise humanitária no Corno de África.
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Composta por seis elementos - dois médicos, dois técnicos do departamento internacional, um responsável logístico e um de comunicação -, a equipa irá, nos próximos dez dias, realizar uma "avaliação", no seguimento de contactos que a Assistência Médica Internacional (AMI) "já tem estabelecido no terreno", disse à Lusa Fernando Nobre.
A missão deverá centrar-se na região de Dollo Ado, no sul da Etiópia, junto à fronteira com a Somália.
O objectivo dos membros da organização é "identificar um campo, porque há vários campos na Etiópia, uns com mais visibilidade, outros mais esquecidos", onde, mais tarde, uma outra equipa da AMI irá desenvolver uma missão humanitária, durante seis meses.
Este trabalho será feito "em harmonia com as autoridades etíopes", nomeadamente as que trabalham com os refugiados, adiantou o presidente da AMI.
"A missão essencial é seleccionar o alvo, o nicho, para intervenção. Vamos fazer o levantamento exaustivo, para que a segunda equipa já tenha todos os meios e tudo identificado para que, quando chegue, se possa imediatamente pôr ao trabalho", explicou Fernando Nobre. A segunda equipa deverá ser constituída por seis elementos - médicos, incluindo uma nutricionista, enfermeiros e um operacional logístico.
O responsável referiu que serão apuradas as necessidades no terreno, em termos quantitativos, uma vez que as "necessidades qualitativas" são conhecidas: a "parte nutricional, medicamentosa, da sanitação e abrigos".
Apesar de esta ser uma missão com uma vertente mais "avaliatória", os elementos da AMI que hoje partem para a Etiópia vão preparados para actuar já: "Levamos meios financeiros adequados para actuar, se necessário for", garantiu Nobre.
A seca na região do Corno de África, a pior dos últimos 60 anos, já provocou dezenas de milhares de mortos e constitui uma ameaça para mais de 12 milhões de pessoas na Somália, Quénia, Etiópia, Djibuti, Sudão e Uganda.
De acordo com números divulgados pelo Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR), cerca de 875 mil somalis foram obrigados a procurar refúgio nos países vizinhos devido à fome, seca e insegurança na Somália.
Entre os deslocados somalis, 90% refugiaram-se no Quénia (497768 pessoas), Iémen (191875), Etiópia (160701) e Djibuti (17749).