Várias centenas de pessoas juntaram-se, esta terça-feira, em Moscovo, junto ao Centro Sakharov, onde deu início o funeral do opositor russo Boris Nemtsov, assassinado na passada sexta-feira junto ao Kremlin.
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Os restos mortais de Boris Nemtsov vão estar hoje no Centro Sakharov, um museu dedicado aos Direitos Humanos e ao académico dissidente soviético Andreï Sakharov, antes do enterro no cemitério de Troïekourovskoïe.
"É alguém de quem me sentia próximo. Queria dizer-lhe adeus. Era um homem de princípios, um homem carismático. Pouco me importa quem o matou, é uma perda irreparável", disse Maria Koniakova, psicóloga.
A mãe de Boris Nemtsov sentou-se junto ao caixão aberto, como manda a tradição ortodoxa. Anónimos e figuras públicas, como o antigo primeiro-ministro Mikhaïl Kassianov e o embaixador dos Estados Unidos John Tefft, aproximaram-se do corpo para deixar flores.
O funeral do opositor de Vladimir Putin decorre na presença de vários embaixadores de países europeus e outros responsáveis estrangeiros, entre os quais o chefe da diplomacia lituano, Linas Linkevicius, o presidente da câmara de Riga, capital da Letónia, Nils Usakovs, e o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros polaco, Konrad Pawlik.
O vice-primeiro ministro russo, Arkadi Dvorkóvich, foi dos primeiros a deslocar-se às primeiras horas do dia ao local para prestar as suas condolências à família do dirigente oposicionista.
O político opositor liberal pertencia a um grupo de jovens reformistas que chegaram ao poder na Rússia depois da desintegração da União Soviética e chegou a ser o número dois do Governo em 1997, na época do presidente Boris Yeltsin.
O Comité de Instrução da Rússia, que ofereceu uma recompensa de três milhões de rublos, cerca de 44700 euros, por "informações valiosas" que tragam alguma luz sobre o caso, está a estudar várias hipóteses sobre os possíveis motivos do assassinato.
Os investigadores não descartam que o assassinato do líder opositor seja uma intenção de desestabilização da situação na Rússia ou que seja um caso de vingança pessoal.
Nemtsov era um dos maiores críticos da ingerência da Rússia nos assuntos internos da Ucrânia e havia já denunciado que milhares de soldados russos combatiam nas fileiras dos separatistas pró-russos.
A oposição russa não tem dúvidas em considerar o caso como sendo de "assassinato político" envolto na campanha lançada pelas autoridades contra os novos inimigos do povo russo: aqueles que se opõem à ingerência do Kremlin no conflito ucraniano.
"Nemtsov não matou a guerra. A principal versão é de que foi assassinado devido à sua postura anti-belicista. Foi assassinado por aqueles que apoiam a política da agressão contra outros povos, incluindo a Ucrânia", disse o líder do partido liberal Yábloko, Serguéi Mitrojin.