O Governo moçambicano e a Renamo, principal partido da oposição, retomaram hoje as negociações em torno da crise política e militar, três meses após o último encontro, acordando a integração de observadores no processo negocial.
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Dezenas de pessoas, incluindo militares, já morreram em ataques que o Governo tem atribuído a homens armados da Renamo, maioritariamente no centro do país, na sequência de confrontos com o exército e incursões na principal estrada do país.
Em declarações à imprensa em Maputo, o chefe da delegação governamental às negociações, Gabriel Muthisse, disse que as duas partes chegaram a acordo em relação à participação de observadores no processo, faltando a definição dos termos de referência sobre o envolvimento dos mesmos.
"O mais importante é a participação de terceiros, de observadores. As duas partes irão definir os critérios de participação desses terceiros. Acho que a nossa expectativa, e creio que também é a da Renamo, não é ver quem ganhou ou perdeu. A nossa expectativa é que desse debate ganhem todos os moçambicanos. O nosso foco é que os moçambicanos ganhem, possam produzir e viver num clima de paz.", disse Gabriel Muthisse, que é também ministro dos Transportes e Comunicações.
Por seu turno, o chefe da delegação da Renamo, Saimon Macuiana, disse que as duas partes vão discutir nos próximos encontros os termos de referência para a participação dos observadores nas reuniões entre as duas partes.
"Do trabalho que fizemos, de acordo com a agenda do dia, fica claro que é importante a presença da mediação e de observação, então iremos encontrar em conjunto a efetivação, com vista a integrar a participação de todos. Como se sabe, todo o mundo está interessado em ajudar o povo moçambicano a alcançar uma solução pacífica", disse Macuiana.
A atual tensão política e militar em Moçambique, a mais grave desde a assinatura do Acordo Geral de Paz (AGP) em 1992, foi causada pela rejeição da atual lei eleitoral pela Renamo por alegadamente favorecer o partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo).