O Governo de Cabo Verde admitiu esta quinta-feira que, uma vez terminada a crise do vulcão que assola desde 23 de novembro a ilha do Fogo, todos os relatórios vão ser "analisados" para determinar se houve falhas na prevenção.
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A ministra da Administração Interna, Marisa Morais, salientou saber "distinguir o essencial do acessório" e que, agora, "o importante é garantir a segurança das pessoas e a satisfação das necessidades mínimas dos alojados".
Quarta-feira, em declarações à Lusa, o diretor do Instituto Tecnológico e das Energias Renováveis das Canárias (ITER) criticou a "inércia" das autoridades cabo-verdianas na prevenção da erupção vulcânica, garantindo que a informação recolhida desde março em Chã das Caldeiras apontava para uma situação "preocupante" e favorecedora do ressurgimento do vulcão do Fogo.
Nemesio Pérez Rodriguez, que se encontra na ilha do Fogo em missão do instituto, indicou que toda a informação recolhida desde março foi enviada a tempo ao Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INMG) local, que nunca respondeu.
"Não vou falar sobre esta questão, porque neste momento estamos em plena erupção, em plena catástrofe", reagiu Marisa Morais quando questionada sobre o assunto pela Lusa, acrescentando que, neste momento, os relatórios são "preliminares" e que haverá tempo para os analisar e que, se assim se justificar, haverá apuramento de responsabilidades.
Marisa Morais justificou também que há um "plano de contingência" já publicado no Boletim Oficial de Cabo Verde que se refere ao antes, ao durante e ao depois.
Questionada sobre se, "no depois", haverá apuramento de responsabilidades, Marisa Morais foi perentória.
"Naturalmente. Acho que este país, esta governação, tem-se caracterizado por uma enorme transparência mas, neste momento, o nosso foco é outro", respondeu.
O outro foco é a "preocupação" com os cerca de 850 alojados que estão nos centros de acolhimento "a quem importa atender as necessidades básicas".
Marisa Morais frisou ainda que a "única autoridade" de Cabo Verde que se pode pronunciar sobre as erupções vulcânicas é o Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INMG).
"É o que está na lei", frisou a ministra, acrescentandou que o plano de emergência para as erupções está a ser pela primeira vez testado e que "a informação no terreno é preciosíssima".
"Depois, teremos certamente um novo plano, melhorado. As melhorias estão a ser permanentes no terreno", concluiu Marisa Morais.