O alto comissário da ONU para os refugiados, António Guterres, diz que a seca na Somália é o "pior desastre humanitário" actual, após um encontro com pessoas que suportaram condições indescritíveis até alcançarem o maior campo de refugiados do mundo.
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O campo queniano, Dadaab, está a transbordar com dezenas de milhares de refugiados recém-chegados, para aí empurrados por a região se situar numa zona de confluência da Somália, com a Etiópia e o Quénia.
O Programa Alimentar Mundial estima que dez milhões de pessoas necessitem já de ajuda humanitária.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância estima que mais de dois milhões de crianças estão subalimentadas e a precisar de ajuda de emergência.
António Guterres apelou ao mundo para promover a "ajuda massiva" necessária a milhares de refugiados que chegam a este campo todas as semanas. Mais de 380 mil refugiados vivem agora naquele local. Estão ali "os mais pobres dos pobres e os mais vulneráveis dos vulneráveis", defendeu.
Mãe perdeu três filhos em 35 dias
Em Dadaab, o alto comissário da ONU falou com uma mãe somali que perdeu três filhos durante a caminhada de 35 dias para chegar ao campo. "Fiquei um pouco insana depois de os perder", disse a mãe, Muslima Aden. "Perdi-os em momentos diferentes do caminho".
António Guterres está numa viagem à região para avaliar as necessidades diárias. Na quinta-feira, esteve na Etiópia, no campo de Dollo Ado, que também está sobrelotado.
"As taxas de mortalidade que testemunhamos estão três vezes acima do nível de emergência", afirmou.
"O nível de subnutrição das crianças que chegam está nos 50%. Isto é suficiente para explicar porque um nível muito alto de mortalidade é inevitável", declarou.