O movimento islamita Hamas acusou, esta sexta-feira, o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, de se identificar com uma "falsa narrativa" de Israel e de violar o direito dos palestinianos à autodeterminação.
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O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), citado pela edição de hoje do jornal palestiniano Filastin criticou frontalmente a Autoridade Palestiniana reagindo ao discurso de Abbas transmitido na quinta-feira perante a Assembleia Geral das Nações Unidas.
Mahmoud Abbas disse que o grupo que controla Gaza tem de depor as armas e que não pode desempenhar qualquer papel na vida política assim que for alcançado um acordo para pôr fim à ofensiva israelita contra o Hamas.
O Hamas afirmou hoje que rejeita as acusações e que o presidente da Autoridade Palestiniana se identificou com o que disse ser uma "falsa narrativa sionista que tenta distorcer a imagem da resistência" ao acusando o grupo de atacar civis.
Da mesma forma, o Hamas enfatizou que as declarações de Abbas representam uma violação do direito do povo palestiniano à autodeterminação.
"Condenamos a exigência do presidente da Autoridade Palestiniana sobre a entrega das armas, dado o genocídio brutal em Gaza e os crimes dos colonos e do Exército de ocupação (Israel) na Cisjordânia", afirmou o Hamas, citado pelo jornal Filastin.
Durante o discurso perante a Assembleia Geral da ONU, Abbas denunciou o "genocídio" israelita contra a Faixa de Gaza, que está sob ofensiva em resposta aos ataques de 7 de outubro de 2023.
Por outro lado, Abbas exigiu que a Autoridade Palestiniana venha a controlar o enclave sem a participação do Hamas.
As declarações foram transmitidas à Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, através de uma gravação depois de os Estados Unidos terem negado o visto de entrada ao presidente da Autoridade Palestiniana.
Abbas reiterou críticas ao Governo de Israel e voltou a condenar os ataques liderados pelo Hamas.
Nesse sentido, sublinhou a promessa da Autoridade Palestiniana de que o Hamas "não vai ter qualquer papel em Gaza", território que disse fazer parte integrante do Estado da Palestina.
Mahmoud Abbas voltou a afirmar que o Hamas e as outras fações armadas vão ter de depor as armas.
Izat al-Rishq, alto funcionário da ala política do Hamas, criticou Abbas na quinta-feira, lamentando que o presidente a Autoridade Palestiniana apoie as exigências da "ocupação fascista", referindo-se a Israel.
Nos últimos dias, Portugal, França, Reino Unido, Andorra, Austrália, Bélgica, Canadá, Luxemburgo, Malta e São Marino reconheceram o Estado Palestiniano defendendo a solução dos "dois Estados".
O Hamas, que controla a Faixa de Gaza, é considerado organização terrorista pela União Europeia e pelos Estados Unidos.
O grupo, considerado terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, atacou Israel no dia 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 pessoas e raptando mais de duas centenas.
A resposta militar israelita de grande escala provocou até ao momento mais de 65 mil mortos, de acordo com o balanço do Hamas.