O Hamas afirmou-se hoje disponível para chegar a um acordo para pôr fim à guerra em Gaza e conduzir uma troca "imediata" de reféns e prisioneiros com Israel, antes das negociações indiretas no Egito entre as duas partes em conflito.
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"O Hamas está muito interessado em chegar a um acordo para pôr fim à guerra e iniciar imediatamente o processo de troca de prisioneiros [reféns por detidos palestinianos]", disse um responsável do Hamas, sob anonimato, à agência noticiosa francesa.
Dois dias antes do segundo aniversário do ataque sem precedentes do movimento islâmico palestiniano Hamas contra Israel, em 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra, o exército israelita continuou os seus bombardeamentos na Cidade de Gaza, matando pelo menos cinco pessoas, segundo a Defesa Civil local, um serviço de resgate que opera sob a autoridade do Hamas.
As negociações baseiam-se no plano do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que enviou o seu enviado Steve Witkoff e o seu genro Jared Kushner ao Egito para ajudarem a finalizar as discussões sobre as condições para a libertação dos reféns sequestrados durante o ataque de 7 de outubro de 2023.
No sábado, Trump avisou o Hamas de que "não toleraria qualquer atraso" na implementação do seu plano, que inclui um cessar-fogo, a libertação dos reféns em 72 horas, a retirada gradual do Exército israelita de Gaza e o desarmamento do movimento islamista.
Reunião em Sharm el-Sheikh
Um aliado próximo de Trump, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou no sábado que enviaria os seus negociadores para o Egito, manifestando a esperança de que todos os reféns fossem devolvidos "nos próximos dias".
De acordo com um responsável do Hamas, as negociações serão realizadas em Sharm el-Sheikh (leste da Turquia), onde os negociadores do movimento deverão chegar hoje, vindos de Doha.
"O Hamas está muito interessado em chegar a um acordo para pôr fim à guerra e iniciar imediatamente o processo de troca de prisioneiros [reféns por detidos palestinianos]", disse o responsável, sob anonimato, à AFP.
A equipa de negociação israelita "partirá esta noite com o plano de iniciar as negociações amanhã [segunda-feira]", disse uma porta-voz de Netanyahu no domingo, especificando que estas serão "negociações técnicas".
O Hamas enfatizou aos mediadores "a necessidade de Israel suspender todas as operações militares em toda a Faixa de Gaza, cessar todas as atividades aéreas, reconhecimento e sobrevoos de drones, e retirar da Cidade de Gaza". Ao mesmo tempo, "o Hamas e as fações da resistência vão encerrar as suas operações militares".
Se for alcançado um acordo, os bombardeamentos israelitas devem "parar", disse o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio.
Na sexta-feira, o Hamas afirmou estar pronto para libertar todos os reféns ao abrigo do plano de Trump, anunciado a 29 de setembro, e para iniciar negociações imediatas para ultimar os detalhes do processo.
Trump pediu então a Israel que parasse "imediatamente" com os seus bombardeamentos em Gaza, mas o exército israelita continuou os seus ataques na região, matando quase 60 pessoas no sábado, segundo a Defesa Civil local.
"Houve uma clara redução no número de ataques aéreos [desde sábado à noite]. Os tanques e os veículos militares recuaram um pouco, mas acredito que se trata de uma manobra tática e não de uma retirada", disse Mouin Abu Rajab, residente em Gaza, à agência noticiosa francesa AFP.
Netanyahu afirmou apoiar o plano de Trump, especificando que o seu Exército permanecerá na maior parte da Faixa de Gaza, da qual controla atualmente cerca de 75%.
O Presidente norte-americano declarou no sábado que Israel tinha acordado uma "linha de retirada" inicial a uma distância de 1,5 a 3,5 quilómetros dentro do território palestiniano. Assim que o Hamas aceitar, um cessar-fogo "entrará em vigor imediatamente".