Centro de imigração de Manston, em Kent, Inglaterra, foi criado para acolher até 1600 pessoas durante 24 horas, mas tem perto de quatro mil e algumas estão retidas há mais de um mês.
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Uma jovem retida no centro de imigração de Manston, em Kent, conseguiu fintar os seguranças e chegar à vedação, de onde lançou para o exterior uma garrafa com uma mensagem no interior: "por favor, ajudem-nos, precisamos muito da vossa ajuda".
A garrafa foi lançada na direção de um fotógrafo da agência PA Media. Lá dentro, uma carta escrita num inglês imperfeito, com a data de 31-10-22 e dirigida a "jornalista - organização - toda a gente".
Ao longo de vinte linhas, a jovem descreve as instalações como uma prisão, revela que há mulheres grávidas e pessoas doentes. Há um menino com deficiência "que está muito mal mas eles [responsáveis do centro] não querem saber". Diz ainda que 50 famílias estão ali retidas há mais de 30 dias. "Queremos falar convosco mas não nos deixam sair", conta. "Não temos telefone, nem dinheiro".
"Não é fácil para quem tem filhos... há muitas crianças. Não deviam estar aqui. Deviam estar na escola, não na prisão", lê-se na carta. Além disso "a nossa comida é muito má, e parece que nos deixa doentes".
O centro de imigração está instalado num antigo centro de treino de tiro do Ministério da Defesa. Abriu em janeiro de 2022 para acolher até 1600 migrantes durante 24 horas mas terá atingido perto de quatro mil pessoas, numa situação considerada uma "violação daS condições humanas".
Perante as críticas, o Ministério do Interior britânico veio a público assegurar que são garantidas as condições básicas a todos os migrantes ali retidos.
Centenas foram já transferidos, na terça-feira e na quarta-feira, com o ministro da Imigração inglês, Robert Jenrick, a frisar que o número de pessoas no centro de Manston desceu substancialmente.
"Espero que nos tentem ajudar, precisamos muito de ajuda", conclui a jovem imigrante na carta. "Muito obrigada".