Presidente norte-americano criticou países rivais e até aliados em discurso inflamado na Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira.
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Donald Trump regressou aos holofotes da Assembleia Geral da ONU com recados já conhecidos, incluindo duras críticas à própria ONU e à Europa. Diante de líderes internacionais, o presidente dos Estados Unidos voltou a defender as tarifas e reclamou merecer um Nobel da Paz, atacando o reconhecimento do Estado da Palestina, a questão da imigração e das mudanças climáticas.
Ao iniciar o discurso, alegando que terminou com sete guerras, o chefe de Estado norte-americano lamentou a falta de apoio da ONU. "Tudo o que parecem fazer é escrever uma carta com palavras muito fortes", disse Trump. "São palavras vazias e as palavras vazias não resolvem a guerra", acrescentou. "Duas coisas que recebi das Nações Unidas: uma má escada rolante e um mau teleponto", reclamou o líder da Casa Branca, ao comentar os equipamentos.
Trump acusou a organização de apoiar os imigrantes em situação irregular com centenas de milhões de dólares: "A ONU deveria impedir as invasões, não criá-las e não financiá-las". Sobre o tema da imigração, Trump sublinhou aos europeus que "é tempo de acabar com a experiência falhada das fronteiras abertas". "Precisam de acabar com isto agora. Posso dizer que sou muito bom nisso. Os seus países estão a ir para o inferno", ressaltou.
"Herança" destruída
A Europa foi também alvo do conservador quando abordou o "golpe" das alterações climáticas, tendo criticado ainda os cientistas e o uso das energias renováveis. "Adoro a Europa, adoro o povo europeu. E detesto vê-la a ser devastada pela energia e pela imigração, esse monstro de duas caudas que destrói tudo à sua passagem", discursou o político de extrema-direita. "Estão a fazer isso porque querem ser simpáticos. Querem ser politicamente corretos e estão a destruir a sua herança", argumentou.
Relativamente ao reconhecimento do Estado da Palestina, Trump afirmou que alguns países estão a "encorajar a continuidade do conflito" em Gaza com tal medida."Isto seria uma recompensa por estas atrocidades horríveis [do Hamas], incluindo o 7 de outubro", frisou o presidente dos EUA, que apelou à libertação dos reféns pelo movimento islamita.
O chefe de Estado condenou a dependência europeia do petróleo russo, porém as declarações mais negativas não foram à Rússia, e sim à rival China e à Índia. Os dois países foram acusados de financiar a máquina de guerra usada contra a Ucrânia.
Condenação de Bolsonaro em foco
O Brasil teve destaque no discurso do magnata, que criticou as tarifas do país sul-americano sobre os produtos dos EUA e repreendeu a condenação do antigo presidente Jair Bolsonaro, pela tentativa de golpe de Estado. Sem pormenores, anunciou que vai reunir-se com Lula da Silva na próxima semana. O líder do Brasil, que tradicionalmente abre a Assembleia Geral, disse antes de Trump que o país "deu um recado a todos os candidatos a autocratas e àqueles que os apoiam".
Trump desmereceu o antecessor, Joe Biden, e defendeu as ações do Governo, incluindo os ataques ao Irão, a intervenção em Washington, o bombardeamento de barcos com alegados traficantes junto à costa venezuelana e a implementação das taxas sobre produtos de todo o globo. Para o republicano, os EUA são "o melhor país do Mundo para fazer negócios".