Reunião acontece na sequência do assassinato do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerão. Forças israelitas anunciam que Mohammed Deif foi morto a 13 de julho em Gaza.
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Com o Médio Oriente diante do risco iminente de um conflito alargado entre Israel e o Irão, Teerão iniciou hoje conversações com os aliados Líbano, Iraque e Iémen para discutir possíveis retaliações contra Telavive, após o assassinato, na madrugada de quarta-feira, de Ismail Haniyeh na capital iraniana, e, um dia antes, do comandante do Hezzbollah, nos arredores de Beirute, no Líbano, avançou a agência Reuters.
Segundo a mesma agência, que cita cinco fontes não identificadas, representantes dos aliados palestinianos do Irão, do Hamas e da Jihad Islâmica, bem como do movimento Houthi do Iémen, do Hezbollah do Líbano e de grupos de resistência iraquianos participarão na reunião que teve início esta quinta-feira em Teerão.
“O Irão e os membros da resistência realizarão uma avaliação minuciosa após a reunião em Teerão para encontrar a melhor e mais eficaz forma de retaliar contra o regime sionista [Israel]”, referiu um alto quadro iraniano. Uma outra fonte revelou que presentes no encontro estariam o líder supremo, ayatollah Ali Khamenei, e altos membros da Guarda Revolucionária de elite do Irão.
“A forma como o Irão e a frente de resistência responderão está atualmente a ser revista. Isto certamente acontecerá e o regime sionista [Israel] irá sem dúvida arrepender-se”, avisou o general Mohammad Baqeri, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas iranianas na televisão estatal.
As autoridades israelitas ainda não assumiram, contudo, a responsabilidade pelo ataque que matou Haniyeh em Teerão horas depois de o líder do grupo islamita palestiniano ter participado na cerimónia de tomada de posse do novo presidente iraniano, em que participaram também o líder da Jihad Islâmica, Ziad al-Nakhala, bem como altos representantes do movimento Houthi do Iémen e do Hezbollah.
“O Irão pediu aos principais comandantes dos grupos de resistência iraquianos que viajassem para Teerão na quarta-feira para participar numa reunião urgente para discutir a retaliação contra os recentes ataques israelitas, incluindo no Líbano e no Irão e o ataque dos EUA no Iraque”, referiu um comandante da milícia local iraquiana, citado pela mesma agência.
“Todas as frentes da resistência irão vingar-se do sangue de Haniyeh”, disse Ali Akbar Ahmadian, secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irão, à agência iraniana Mehr.
As cerimónias fúnebres de Haniyeh decorreram hoje em Teerão, com a presença do presidente do Parlamento iraniano, Mohammad Bagher Ghalibaf, de um alto responsável do Hamas, Khalil al-Hayya, e do líder supremo, ayatollah Ali Khamenei, que conduziu orações na Universidade de Teerão; seguindo depois o corpo em cortejo fúnebre, entre uma multidão de enlutados, até à Praça Azadi. Os restos mortais de Haniyeh chegaram ainda hoje a Doha, no Catar, onde o líder do Hamas vivia exilado e onde será sepultado esta sexta-feira.
FDI reivindicam morte de Mohammed Deif
As Forças de Defesa de Israel (FDI) confirmaram hoje a morte do líder do braço militar do Hamas, Mohammed Deif - considerado um dos mentores dos ataques do Hamas de 7 de outubro contra Israel -, num ataque no Sul de Gaza, no mês passado. “As FDI anunciam que, no dia 13 de julho de 2024, caças das FDI atacaram na área de Khan Younis e, após uma avaliação dos serviços de informação, pode ser confirmado que Mohammed Deif foi eliminado no ataque”, referiram os militares. Anúncio que ainda não mereceu reação do grupo islamita.