O presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad deixou entender que o Irão pode procurar fabricar urânio enriquecido a 20%, por falta de oferta do produto no mercado.
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Durante um jantar privado, realizado quinta-feira à noite em Nova Iorque, Ahmadinejad, que falou perante peritos em matéria de não proliferação, explicou que o seu país procura adquirir urânio enriquecido a 20% para um reactor de investigação médica.
O Irão informou há vários meses a Agência internacional da energia atómica (AIEA) em Viena do seu desejo de comprar este urânio enriquecido a 20%, mas não obteve resposta até agora, indicaram fontes próximas do processo.
"Se estivessem no nosso lugar e não pudessem receber o combustível necessário para estes equipamentos médicos, o que fariam?", perguntou Ahmadinejad durante do jantar, revelaram algumas pessoas presentes no encontro.
"Se não o produzirem, quais são os outros meios de que dispõem para o obter? ", questionou.
Ahmadinejad fez estas afirmações antes do presidente norte-americano Barack Obama ter anunciado sexta-feira que o Irão está a desenvolver secretamente um complexo subterrâneo de enriquecimento de urânio perto da cidade de Qom.
Segundo um alto responsável norte-americano, o complexo tem uma dimensão suficiente para a produção "de uma bomba ou duas por ano".
O actual programa do Irão permite enriquecer urânio a 5%, sendo necessário atingir o nível de 90% para fabricar uma bomba atómica.
Ahmadinejad insistiu no facto de que o urânio enriquecido a 10 ou 20% não tem "qualquer uso militar".
"Pode ser utilizado apenas para produzir energia, electricidade, na medicina e no sector industrial, para as indústrias civis", disse.
Segundo os especialistas de energia nuclear, a técnica de enriquecimento de urânio é mais difícil de dominar nas suas etapas iniciais, sendo mais complicado chegar a 20% de enriquecimento do que passar de 20% para 90%.