Israel iniciou uma ofensiva militar a 13 de junho contra o Irão, desencadeando um novo conflito militar no Médio Oriente. Teerão não se rende. Telavive quer acabar com a ameaça das armas nucleares iranianas. Acompanhe aqui os principais desenvolvimentos.
Corpo do artigo
Um ataque israelita no oeste do Irão provocou hoje a morte a, pelo menos, cinco soldados iranianos e feriu outros nove, segundo noticiaram os meios de comunicação do país persa.
“Cinco oficiais do exército foram mortos e nove outros ficaram feridos no ataque de hoje (sábado) do regime israelita à cidade de Sumar”, na província ocidental de Kermanshah, informou a agência de notícias Fars citando um funcionário local.
Também hoje foram ouvidas fortes explosões no centro e norte de Teerão, capital do Irão, segundo jornalistas da Agence France-Presse (AFP) no local.
O Irão diz ter lançado hoje à noite um ataque de drones contra “alvos estratégicos” em Israel, ao mesmo tempo que ameaçou atacar as entregas de ajuda militar a Telavive.
"Uma vaga importante de drones de ataque e drones kamikaze dirige-se há já várias horas em direção a alvos estratégicos em todo o território [israelita]”, anunciou Ali Mohammad Naini, porta-voz dos Guardas da Revolução, quando se entra no décimo dia de hostilidades entre os dois países, a propósito das atividades nucleares da República Islâmica.
Paralelamente, as forças armadas iranianas ameaçaram atacar as entregas de ajuda militar a Israel.
"Alertamos que o envio de qualquer equipamento militar ou radar por navio ou avião de qualquer país para ajudar o regime sionista será considerado participação na agressão contra o Irão e constituirá um alvo legítimo para as forças armadas", disse um porta-voz do exército, num vídeo transmitido pela televisão estatal iraniana.
O exército israelita anunciou hoje à noite que estava a realizar ataques na região de Bandar Abbas, um importante porto no sul do Irão, no Estreito de Ormuz.
O exército israelita está “atualmente a atacar instalações de armazenamento de drones e uma instalação de armamento (...) na região de Bandar Abbas”, de acordo com um breve comunicado militar, que indica uma extensão geográfica das hostilidades.
O comunicado militar israelita refere ainda que o exército “continua a atacar o arsenal de drones iranianos”.
Aviões bombardeiros B-2 descolaram de uma base nos Estados Unidos da América (EUA) em direção ao Pacífico, enquanto o presidente norte-americano está a avaliar a participação na ação militar desencadeada por Israel contra o Irão, segundo várias fontes.
Vários B-2, bombardeiros estratégicos furtivos capazes de transportar as poderosas bombas antibunker GBU-57, descolaram nas últimas horas da base aérea de Whiteman, no centro do estado do Missouri, e foram avistados na costa da Califórnia, acompanhados por aviões-tanque, de acordo com o jornal "The New York Times" e páginas de monitorização do tráfego aéreo.
O destino dos aviões – aparentemente acompanhados por aviões-tanque, para reabastecimento em voo – não é conhecido, mas, de acordo com o jornal, estão a dirigir-se para a ilha de Guam, um território americano no Pacífico que abriga instalações militares.
O presidente do Irão disse hoje que “em nenhuma circunstância” a República Islâmica porá fim às atividades nucleares, sublinhando que o regime de Teerão está disposto a negociar, mas reivindicando o direito de as prosseguir com fins pacíficos.
Masoud Pezeshkian disse, numa conversa telefónica com o presidente francês, Emmanuel Macron, que o Irão está disposto a "dialogar e cooperar", mas não admite “reduzir as atividades nucleares a zero” e que esse direito não lhe pode ser retirado “por ameaça ou guerra”.
Citado pela agência iraniana IRNA, Pezeshkian lembrou que “o Irão sempre disse estar disponível para fornecer garantias e instaurar a confiança no que diz respeito às suas atividades nucleares pacíficas, no quadro do direito internacional”.
No mesmo telefonema, ocorrido após uma reunião, na sexta-feira, em Genebra, entre os chefes da diplomacia de França, Reino Unido e Alemanha, a Alta Representante para os Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE), Kaja Kallas, e o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araqchi, e a sua equipa, Emmanuel Macron afirmou que os europeus vão “acelerar as negociações” com Teerão.
"Estou convencido de que existe uma via para sair da guerra e evitar perigos ainda maiores”, transmitiu o presidente francês, na rede social X, realçando que "o Irão nunca deverá ter armas nucleares” e que lhe cabe “dar todas as garantias de que as suas intenções são pacíficas".
O líder supremo do Irão, aiatola Ali Khamenei, terá nomeado três possíveis sucessores a partir de um bunker onde está escondido para o caso de morrer num ataque israelita ou norte-americano, noticiou o "The New York Times", este sábado.
O jornal, que cita três funcionários iranianos familiarizados com a situação, afirma que Khamenei, de 86 anos, deu instruções à Assembleia de Peritos do seu país, o órgão clerical responsável pela nomeação do líder supremo, para escolher rapidamente o seu sucessor de entre os três clérigos de alto nível que propôs.
A sucessão na república islâmica é um processo delicado, mas o aiatola quer assegurar uma transição rápida e ordenada para preservar o seu legado no meio da guerra com Israel, acrescenta o jornal.
O líder supremo é o comandante chefe das Forças Armadas e dirige os poderes executivo, legislativo e judicial, além de ser a mais alta autoridade religiosa do xiismo, o ramo maioritário do Islão no Irão.
”Se os Estados Unidos participarem num ataque e numa agressão contra o Irão ao lado do inimigo israelita, as forças armadas [Huthis] atacarão os seus navios e navios de guerra no Mar Vermelho", declarou o porta-voz militar do grupo rebelde, numa declaração gravada em vídeo.
Yahya Sarea advertiu também que "qualquer ataque ou agressão dos Estados Unidos” que apoie Israel contra o Irão é "algo que não pode ser ignorado".
O porta-voz do grupo rebelde acusou Israel de perseguir "o controlo total da região e de implementar o plano sionista [nacionalismo judaico] com o apoio e a colaboração aberta dos Estados Unidos".
No vídeo, o movimento iemenita ameaçou quebrar o cessar-fogo com Donald Trump, alcançado em maio, e acusou os norte-americanos de "colaboração aberta" com Israel.
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, prometeu ao ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Abas Araqchi, que fará o possível para apoiar novas negociações entre Teerão e Washington e pôr fim à guerra no Médio Oriente.
Erdogan recebeu Araqchi à margem de uma cimeira dos membros da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI), realizada em Istambul, informou a Presidência turca.
Os líderes avaliarão a situação criada pelos conflitos entre Israel e Irão, iniciados por um ataque israelita em 13 de junho, que já causou mais de 400 mortes no Irão e 24 em Israel, incluindo civis.
Centenas de pessoas, principalmente exilados iranianos, saíram às ruas de Berlim, na Alemanha, para exigir uma mudança de regime no Irão.
Em frente à Câmara Municipal de Berlim, iranianos no exílio, apoiantes do Conselho Nacional de Resistência do Irão e cidadãos alemães exibiram bandeiras da resistência e uma efígie insuflável do líder supremo do Irão, aiatola Ali Khamenei, segurando uma bomba nuclear.
Um "stand" exibia fotografias de vítimas executadas pelo regime iraniano.
Segundo o Conselho Nacional da Resistência, pelo menos 1400 pessoas foram executadas no Irão desde julho de 2024, incluindo prisioneiros políticos e mulheres.
Durante a manifestação por um Irão livre, os participantes apoiaram a chamada “terceira opção” proposta há anos por Maryam Rajavi, presidente eleita da resistência iraniana no exílio.
"A nossa mensagem é clara: a resistência do povo iraniano pela liberdade deve ser reconhecida. Dizemos não ao apaziguamento e à salvação do regime dos 'mullahs' [título dado a clérigos islâmicos], e não à guerra", foi a mensagem de Rajavi aos manifestantes.
Em vez disso, "existe uma terceira opção: a mudança de regime por parte do povo e a resistência iraniana organizada", acrescentou. "A mudança democrática é a vontade do povo iraniano e o veredito da história", reforçou.
Uma semana depois de Israel ter lançado o que apelidou de um "ataque preventivo" contra o Irão, na madrugada do sábado passado, desencadeando uma resposta militar por parte de Teerão, as forças israelitas atacaram esta noite uma infraestrutura nuclear na cidade iraniana de Isfahan. Segundo a agência de notícias iraniana Fars, não houve libertação de substâncias perigosas ou que comportem riscos para a população. Citando uma autoridade de segurança, a agência noticiosa adiantou que Israel realizou múltiplos ataques.
As autoridades israelitas confirmaram o ataque noturno, detalhando que este visou "dois locais de produção de centrífugas". "Atingimos Isfahan nas primeiras 24 horas da nossa operação, mas realizámos uma segunda onda de ataques lá durante este noite, aprofundando as nossas conquistas e aumentando os danos às instalações", disse um responsável militar de Israel aos jornalistas, sob condição de anonimato. Os repetidos ataques da força aérea israelita "desferiram um duro golpe nas capacidades de produção de centrífugas do Irão", acrescentou a autoridade, citada pela agência de notícias France-Press (AFP).
Centrífugas são usadas para enriquecer urânio, tanto para uso civil quanto militar - o metal radioativo precisa DE ser enriquecido a altos níveis para ser usado em armas atómicas.
O ataque aéreo contra a central nuclear iraniana de Isfahan, este sábado de madrugada, foi “em grande escala”, afirmou o porta-voz do exército israelita.
“Durante a noite, aprofundámos o ataque à central nuclear de Isfahan e à parte ocidental do Irão”, disse Effie Defrin em conferência de imprensa, acrescentando que estas instalações já tinham sido alvo de um ataque a 13 de junho e, hoje de madrugada, Israel voltou a bombardear “em grande escala” o local “para reforçar os ganhos".
Responsáveis iranianos garantiram que o bombardeamento não “provocou a fuga de materiais perigosos”.
Isfahan, no centro do país, alberga o Centro de Tecnologia Nuclear do Irão e uma instalação de conversão de urânio, que sofreram “danos significativos” com os ataques, segundo os militares israelitas.
O ministro da Defesa israelita, Israel Katz, anunciou em comunicado a morte de Saeed Izadi, que identificou como o comandante do subgrupo palestiniano da Força Quds, ramo de elite da Guarda Revolucionária Iraniana, que dirige as operações no estrangeiro. Izadi foi morto durante um bombardeamento aéreo do seu apartamento em Qom, uma cidade situada a cerca de 156 quilómetros a sudoeste de Teerão. Izadi “financiou e armou o Hamas” na preparação dos atentados de 7 de outubro de 2023, disse Katz, chamando à sua morte “justiça para os mortos e raptados”.
Além disso, o Exército israelita também anunciou, horas antes, a morte de Aminpour Joudaki, que identificou como o comandante de uma brigada de drones da Guarda Revolucionária Iraniana. “No âmbito das suas funções, Aminpour Joudaki conduziu centenas de ataques com drones contra o território israelita a partir da região de Ahvaz, no sudoeste do Irão”, refere o comunicado militar. Joudaki assumiu “um papel fundamental” nas operações com drones após o assassínio do seu antecessor, Taher Pour, na sexta-feira, 13 de junho, quando Israel lançou o primeiro ataque contra o Irão.
"Israel está agora a arrastar a região para a beira do desastre total ao atacar o Irão, nosso vizinho", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, numa cimeira da Organização de Cooperação Islâmica (OCI), em Istambul.
"Não existe um problema palestiniano, libanês, sírio, iemenita ou iraniano, mas existe claramente um problema israelita", afirmou o chefe da diplomacia turca, apelando ao fim da "agressão sem limites" contra o Irão.
"Temos de evitar que a situação degenere numa espiral de violência que ponha em causa a segurança regional e mundial", acrescentou o ministro turco perante dezenas de homólogos dos países membros da OCI.
Falando depois, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou os países ocidentais de darem "apoio incondicional" a Israel, afirmando que Ancara não permitirá que as fronteiras regionais sejam redesenhadas "com sangue".
Numa cimeira da Organização de Cooperação Islâmica, em Istambul, o ministro das Relações Internacionais turco, Hakan Fidan, acusou hoje Israel de estar a levar o Médio Oriente ao "desastre total", ao atacar o Irão.
As autoridades israelitas indicaram que um prédio residencial no norte do país foi, este sábado, atingido por um drone, depois de o Exército ter relatado uma invasão no vale de Beit She'an. "Um ataque de drone atingiu um prédio residencial de dois andares no norte de Israel", informaram os serviços de socorro e emergência em comunicado, acrescentando que as equipes de resgate não encontraram vítimas ao chegarem ao local.
Os ataques israelitas no Irão mataram mais de 400 pessoas, a maioria civis, desde o início da guerra, a 13 de junho, de acordo com um novo balanço divulgado pelo Ministério da Saúde iraniano.
"Ataques israelitas causaram a morte de mais de 400 iranianos e feriram outros 3056", escreveu o porta-voz do Ministério da Saúde, Hossein Kermanpour, na rede social X, depois de outra fonte do Governo referir 430 mortos.
Por seu turno, a porta-voz do Governo iraniano, Fatemeh Mohajerani, disse na televisão estatal que entre os mortos há 54 mulheres e crianças.
O anterior número oficial de vítimas dos ataques israelitas dado por Teerão, datado de 15 de junho, era de 224 mortos, incluindo civis, comandantes militares e cientistas nucleares.
Os dados recentes das autoridades israelitas estão abaixo dos referidos, sexta-feira, pela Agência de Notícias de Ativistas de Direitos Humanos (HRANA), organização não-governamental sediada nos Estados Unidos, de pelo menos 657 mortos - 263 civis, incluindo mais de 20 crianças - e mais de 2000 feridos.
Israel estima, por seu lado, que os ataques iranianos já fizeram pelo menos 24 mortos, entre os quais civis, e 1217 feridos.
"Estou convencido de que há uma forma de sair da guerra e evitar perigos mais graves. Para isso, vamos acelerar as negociações iniciadas pela França e pelos seus parceiros europeus com o Irão", disse o presidente francês, Emmanuel Macron, na rede social X, após a conversa telefónica com o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian.
O chefe de Estado avisou o seu homólogo de que “o Irão [nunca] deverá ter armas nucleares” e terá de “dar todas as garantias de que as suas intenções são pacíficas”.
Na sua conta X, diz ainda que também voltou a exigir ao presidente iraniano a libertação dos franceses Cécile Kohler e Jacques Paris, ambos detidos no Irão desde 2022 de forma “desumana” e “injusta", durante uma viagem de turismo, acusados de espionagem.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, manifestou hoje completo apoio às autoridades iranianas sobre a iniciativa de desenvolverem um programa nuclear, sempre e quando tenha caráter “pacífico”. “O Irão tem direito a desenvolver programas para o uso de tecnologías nucleares com fins pacíficos”, declarou Putin, em entrevista à Sky News Arabia. "Como em anos anteriores, a Rússia está disposta a dar a assistência e o apoio necessários para isso”, acrescentou.
As autoridades iranianas anunciaram que 22 pessoas "ligadas aos serviços de espionagem israelitas" foram detidas 13 de junho. "22 pessoas foram identificadas e detidas sob acusações de estarem ligadas aos serviços de espionagem do regime sionista [de Israel], perturbar a opinião pública e apoiar o regime criminoso", informou a agência de notícias Fars, citando o responsável pela Polícia da província de Qom. Um cidadão europeu também foi preso por espionagem.
Segundo a organização não-governamental (ONG) Iran Human Rights, sediada na Noruega, pelo menos 223 pessoas foram presas em todo o país sob acusações relacionadas com a colaboração com Israel, alertando que o número real será maior.