País invadido regista já mais de 1,2 milhões de deslocados. OMS anuncia que 28 profissionais de saúde foram mortos em 24 horas, muitos outros forçados a fugir devido aos bombardeamentos.
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As Forças de Defesa de Israel (FDI) transmitiram hoje aos residentes de mais de 20 cidades no Sul do Líbano que deveriam retirar-se de imediato, o que eleva para 70 o número de cidades – que inclui a capital provincial Nabatieh – sujeitas a ordem de evacuação no país invadido pelas FDI desde a noite de segunda-feira, após duas semanas de ataques aéreos intensos. Segundo as autoridades de Beirute, são já 1,2 milhões os libaneses deslocados devido à ofensiva de Telavive contra o movimento xiita Hezbollah.
Se Israel reitera continuamente que o objetivo das suas operações no Líbano é permitir que dezenas de milhares dos seus cidadãos deslocados do Norte de Israel pelos bombardeamentos do Hezbollah durante a guerra em Gaza retornem a casa em segurança, em menos de uma semana são já mais de 1,2 milhões os libaneses deslocados, e 1974 foram mortos desde o início dos ataques israelitas ao Líbano, em outubro de 2023 – quando o Hezbollah assumiu a defesa do Hamas junto à fronteira com o Norte de Israel –, a maioria nas últimas duas semanas, anunciaram as autoridades libanesas.
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou hoje que pelo menos 28 médicos foram mortos em 24 horas no Líbano. O representante da OMS no país, Abdinasir Abubakar, salientou que todos os profissionais de saúde assassinados estavam de serviço, a prestar cuidados a feridos.
“Os hospitais já foram evacuados. Acho que o que posso dizer por enquanto é que a capacidade de gestão de vítimas em massa existe, mas é apenas uma questão de tempo até que o sistema realmente atinja o seu limite”, avisou Abubakar.
Tedros Adhanom Ghebreyesus apelou a um reforço urgente da proteção dos profissionais de saúde. “Muitos [outros] profissionais de saúde não estão a apresentar-se ao serviço e fugiram das áreas onde trabalham devido aos bombardeamentos. Isso está a limitar severamente o fornecimento de gestão de traumas em massa e a continuidade dos serviços de saúde”, assinalou o diretor-geral da OMS.
A agência das Nações Unidas para a saúde alertou que não poderá fazer chegar ao Líbano uma grande remessa de material clínico que estava planeada para esta sexta-feira devido às restrições de voos.
Petróleo iraniano na mira
Questionado hoje se apoiaria Israel caso Telavive ataque as instalações de petróleo do Irão, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assumiu aos jornalistas: “Estamos a discutir isso”. Declaração que surge num momento em que o aumento nos preços globais do petróleo e as tensões crescentes no Médio Oriente aumentaram as preocupações dos comerciantes sobre potenciais interrupções no fornecimento. O líder da Casa Branca havia assegurado, na quarta-feira, que não apoiaria nenhum ataque israelita às instalações nucleares do Irão.
Apoiantes de Israel serão “alvo"
No mesmo dia, Teerão alertou Washington que um grande ataque por parte das forças de Telavive ao seu território conduzirá a ataques retaliatórios às infraestruturas israelitas, e que qualquer outro Estado que apoie Israel na investida será considerado um alvo: “Se algum país prestar assistência ao agressor, ele também será considerado cúmplice e um alvo legítimo. Aconselhamos os países a se absterem de se envolver no conflito entre o regime israelita e o Irão e a se distanciarem do combate".