<p>"Há cerca de dois meses que sentíamos pequenos abalos, mas nunca imaginei que pudesse acontecer um sismo assim tão intenso". As palavras são de Gustavo Botelho, 21 anos, que está desde Setembro do ano passado a estudar Educação Física e Desporto em Áquila, ao abrigo do programa Erasmus. </p>
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De acordo com a Embaixada portuguesa em Roma, vivem naquela vila, ao abrigo do mesmo programa europeu, 11 portugueses, dois dos quais moram com Gustavo e estavam já em Portugal a passar as férias da Páscoa.
Gustavo Botelho e duas colegas também portuguesas, que com ele partilham o apartamento, estavam a dormir, quando se deu o abalo sísmico. O jovem afirmou que nunca sentiu medo, mas sim "uma sensação estranha", de não saber muito bem o que fazer em situações como esta.
Os três saíram rapidamente de casa e tentaram pôr-se a salvo numa das 99 praças de Áquila. "Havia pessoas a chorar e a gritar, em verdadeiro pânico. Outras, como nós, a tentar manter a calma", contou ao JN, ao início da noite, já em Pizzoli, a cerca de 10 quilómetros do centro de Áquila, onde encontrou alojamento alternativo em casa de uma colega italiana. "A casa é anti-sísmica. Penso que aqui estamos mais seguros", acrescentou.
Gustavo Botelho contou ainda que entre as três e as cinco da manhã "não se viram nem polícias nem bombeiros". "As redes telefónicas estavam congestionadas, não se conseguia telefonar para ninguém. Felizmente, soubemos que os colegas de Erasmus de outras nacionalidades estavam todos bem", referiu.
Só com o amanhecer é que os três portugueses tiveram verdadeira noção dos estragos provocados pelo abalo sísmico. "Às 7 horas tivemos autorização de ir a casa buscar algumas coisas, mas nem nos atrevemos a entrar, porque o chão junto à porta de entrada abateu", recordou.
Ao longo do dia sentiram-se réplicas do sismo com bastante frequência, mas pouca intensidade. Ao início da noite, uma mais forte fez-se sentir, mas sem consequências, disse o jovem estudante.
Gustavo afirma que só consegue pensar numa coisa: "Por que é que eu estou vivo e tanta gente morreu?"