O japonês Hakamada Iwao, condenado em 1968 à pena de morte pelo assassinato do patrão, da mulher do patrão e de dois dos filhos, espera até ao momento que a sentença seja cumprida. No total são 42 anos de espera.
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Hakamada Iwao foi acusado, em 1966, de matar o chefe da fábrica onde trabalhava, a esposa e dois dos filhos, em Shimizu, no Japão. A família foi apunhalada e a casa incendiada. Embora, num primeiro interrogatório, sem a presença de um advogado, tenha confessado o crime, durante o julgamento negou ser o autor dos assassinatos e assegurou que a polícia o havia batido até que se declarasse culpado.
Em 1968, o ex-lutador de boxe acabou por ser condenado à pena de morte, que até ao momento ainda não foi executada. Iwao é agora o prisioneiro mais antigo à espera do final no corredor da morte.
Todos os recursos que apresentou nos anos subsequentes foram recusados, por diversos tribunais, e Hakamada Iwao assumiu que o seu final tinha data marcada.
O tempo de espera pelo execução final acabou por ter consequências mentais para o prisioneiro. A saúde mental acabou por se deteriorar e as cartas que mandava à família começaram a encher-se de rabiscos sem sentido.
Apesar das organizações dos direitos humanos, como a Amnistia Internacional, reclamarem a libertação devido à gravidade do estado mental do prisioneiro, as autoridades japonesas têm ignorado os apelos e negaram-se a rever a pena.
Em 2008, a Amnistia Internacional chegou mesmo a fazer uma denúncia pública sobre a situação em que se encontra o japonês e pediu que se abandonasse a pena de morte. A organização censurava a situação de 'asilo' em que vivia na prisão e informava a grave deterioração da saúde mental.
"As pessoas que o viram nos últimos meses asseguram que está confuso e desorientado", afirmou a Amnistia.
A família também exigia um novo julgamento, dada a falta de solidez nas provas existentes contra Hakamada Iwao.
Contudo, nenhum destes motivos foi suficiente para que as autoridades japonesas anulassem a pena a que foi condenado, apesar de se estar a infringirr um dos artigos do Código Penal que afirma que "se uma pessoa condenada à morte se encontra num estado de enfermidade mental, a execução deverá ser interrompida pelo ministro da Justiça.". No entanto, o Japão não tem nenhuma pena comutada desde 1975.
Em todo o mundo, cerca de 18 mil pessoas estão condenadas à morte e à espera, nas prisões, pela execução da pena. Os números foram revelados, esta segunda-feira, pela Amnistia Internacional a propósito do Dia Mundial Contra a Pena de Morte. Segundo a organização, a pena de morte é praticada em 23 países e ceifa milhares de vidas por ano.
O Japão regista a mais longa espera pela execução da pena de morte de um prisioneiro. Hakamada Iwao, espera há 42 anos sem poder falar com os outros presos, assistir televisão ou ler livremente.
A Bielorrússia é o único país europeu onde se aplica a pena de morte e é um caso particular de preocupação para a Amnistia Internacional. Segundo a organização, desde 1991, cerca de 400 pessoas podem ter sido executadas no país, embora o número real seja desconhecido por causa do sigilo que existe em torno das execuções.