O presidente brasileiro, Lula da Silva, acredita que a reunião com Donald Trump vai "acabar com o mal-estar existente" entre os dois países e afirmou que o presidente norte-americano tem sido mal informado sobre o Brasil.
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"Eu fiz questão de dizer ao presidente Trump que nós temos muito o que conversar", disse Lula da Silva, numa conferência de imprensa em Nova Iorque, sobre a sua participação na Assembleia-Geral das Nações Unidas.
"Eu estou convencido que algumas decisões tomadas pelo presidente Trump se deveu ao facto da qualidade de informações que ele tinha com relação ao Brasil", afirmou.
Lula da Silva não detalhou se a reunião será feita presencialmente ou não, mas frisou que "aquilo que parecia impossível deixou de ser impossível e aconteceu".
Sobre o encontro de poucos segundos que mantiveram entre os discursos na terça-feira nas Nações Unidas, no qual Trump anunciou em público uma reunião para a próxima semana, Lula da Silva respondeu: "acho que pintou uma química mesmo" entre os dois, com Donald Trump a aparecer "com uma cara muito simpática".
O chefe de Estado brasileiro recordou que os dois países são as duas maiores economias e democracias no continente americano e que, por isso, têm em comum interesses empresariais, industriais, tecnológicos, científicos e comerciais. Mas deixou um aviso sobre a reunião: "não existe espaço para brincadeira".
Voltou ainda a sublinhar que a democracia e a soberania brasileira não são negociáveis, numa alusão às tarifas impostas por Trump que foram justificadas com uma alegada "caça às bruxas" contra o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, entretanto condenado a 27 anos e três meses de prisão, e ainda às sanções a vários membros do poder judiciário brasileiro.
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"Nem com o presidente Trump, nem com nenhum presidente do mundo" garantiu, deixando ainda um recado: "quando tiver eleição nos Estados Unidos, eu não me meto. E quando tiver eleição no Brasil, ele não se mete".
Na terça-feira, Donald Trump anunciou, de forma inesperada, que se iria reunir na próxima semana com o seu homólogo brasileiro, Lula da Silva. "Combinamos encontrar-nos na semana que vem", disse o chefe de Estado norte-americano, durante a sua intervenção no debate de alto-nível da 80.ª sessão da Assembleia-Geral da ONU, em Nova Iorque.
Donald Trump, que discursou logo a seguir a Lula da Silva, disse ter encontrado o chefe de Estado brasileiro nos corredores das Nações Unidas, entre os discursos, e que tiveram uma "excelente química".
"Vimo-nos, ele viu-me, e abraçámo-nos", revelou Donald Trump, perante os representantes dos países membros da ONU, entre os quais se encontrava Lula da Silva, acompanhado da delegação brasileira.
"Eu só faço negócios com gente de que gosto. Quando eu não gosto, não gosto. Mas, por 39 segundos, nós tivemos uma ótima química e isso é um bom sinal", frisou.
Ainda assim, antes dos elogios, Trump disse que "o Brasil enfrenta tarifas pesadas em resposta aos seus esforços sem precedentes para interferir nos direitos e liberdades", através da "censura, repressão, armamento, corrupção judicial e perseguição de críticos políticos nos Estados Unidos".