O presidente francês apelou à "mobilização de todas as potências" para ajudar o Brasil e outros países atingidos a lutarem contra os incêndios na Amazónia e a investir na reflorestação das regiões afetadas.
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"Devemos responder ao apelo da floresta (...) da Amazónia, nosso bem comum (...) e por isso vamos agir", declarou Emmanuel Macron dirigindo-se aos franceses antes do início da cimeira das grandes potências industriais (G7), que decorre no fim de semana em Biarritz (sudoeste de França).
Os fogos florestais que estão a devastar a Amazónia impuseram-se à última hora na agenda da cimeira, com Macron a evocar uma "crise internacional".
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A sugestão foi de imediato criticada pelo presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que acusou Macron de "mentalidade colonialista" ao "instrumentalizar" o assunto propondo que "assuntos amazónicos sejam discutidos [...] sem a participação dos países da região", o que deu origem a escalada de tensão que levou o chefe de Estado francês a acusar o brasileiro de "mentir" quando afirmou que iria respeitar os compromissos ambientais e a anunciar que, nestas condições, França opõe-se ao acordo de comércio livre UE-Mercosul.
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O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, secundou o chefe de Estado francês ao advertir ser pouco provável uma ratificação do acordo comercial entre a União Europeia e o bloco regional do Mercado Comum do Sul (Mercosul -- Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) se a Amazónia continuar a arder.
Na declaração transmitida pela televisão, Macron disse ainda esperar "convencer (os) parceiros de que as tensões comerciais são prejudiciais para todo o mundo".
Além da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, o presidente norte-americano, Donald Trump, ameaçou com um conflito com a França e a Europa ao evocar uma possível taxação dos vinhos franceses em represália pela imposição de impostos aos gigantes digitais norte-americanos pela UE.
O presidente francês fez ainda um apelo "à calma e à concórdia" dirigido aos militantes anti-G7 que se manifestam à margem da cimeira, afirmando que os grandes desafios, como o do clima, devem ser enfrentados "em conjunto".
"Temos desacordos (...) Mas penso que os nossos grandes desafios, o clima, a biodiversidade, a transformação tecnológica, as preocupações na nossa sociedade, a luta contra as desigualdades, esta insegurança em todo o mundo, poderão ser resolvidos agindo em conjunto", disse.
Milhares de pessoas iniciaram às 11.30 horas locais (10.30 horas em Portugal continental), horas antes do início da cimeira do G7 uma manifestação autorizada no porto de Hendaia, com fim previsto em Irún, no País Basco, no lado espanhol da fronteira.
O protesto, convocado pela plataforma G7 Ez e a francesa Alternatives G, levava à frente uma faixa com o lema "Não ao G7, construindo outro mundo a partir do País Basco", escrito em castelhano, francês e euskera (língua basca). No final da marcha, um manifesto será tornado público.
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