O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou que no seu país todos são "obrigados a fazer política em paz" e pediu à oposição que se demarque dos atos de violência dos últimos dias.
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"Somos venezuelanos e somos obrigados a fazer política em paz, eu apelo à MUD [aliança da oposição Mesa da União Democrática] que se demarque dos grupos violentos, condene a violência e desmobilize estes grupos fascistas", afirmou Maduro perante uma concentração de mulheres apoiantes do regime e do ex-Presidente Hugo Chávez.
Num discurso proferido depois de uma manifestação dos seus apoiantes em Caracas, Maduro aconselhou especificamente o secretário-geral da MUD, Ramón Aveledo, e os governadores de Miranda (centro), Henrique Capriles, e Lara (oeste), Henry Falcón, "os três chefes principais da oposição", a desvincularem-se destes atos violentos, que nos últimos dez dias provocaram dez mortos.
Maduro pediu que façam como ele, que recebeu relatos de que "um grupo" ligado à sua administração "teria exercido violência" em protestos contra o seu governo e ordenou a abertura de investigações. "Apareceram duas pessoas, aparentemente ligadas ao 'chavismo', com armas, e estão presas", afirmou.
As armas na Venezuela, acrescentou, devem ser "para defender a pátria, se algum dia a soberania e a independência do país forem violadas, ou para travar ataques terroristas de grupos fascistas".
Num outro protesto, organizado no sábado pela oposição, Henrique Capriles denunciou que, além da atuação de grupos apoiantes do regime armados, há denúncias contra outras forças de segurança em 18 casos de torturas de pessoas detidas durante as manifestações que têm ocorrido no país.
"Aqui não estão assinalados os excessos no momento de deter pessoas e a repressão durante a dispersão de manifestações", acusou Capriles, acrescentando que há mais de 500 denúncias de "repressão brutal".
Na quarta-feira, a capital venezuelana foi palco da maior mobilização contra o Presidente Nicolás Maduro desde a sua eleição, em abril de 2013.
Violentos confrontos ocorreram à margem da manifestação, de que resultaram três mortos, 66 feridos e 69 detidos.
Nas últimas semanas, o Governo venezuelano tem enfrentado o crescente descontentamento de parte da população num contexto de inflação elevada (56,3% em 2013), escassez de alimentos e produtos de consumo e insegurança.
Na sexta-feira, Nicolás Maduro tentou recuperar o controlo político, ao anunciar um plano para lutar contra a violência, que inclui o reforço de patrulhas da polícia e desarmamento da população num país onde as armas são abundantes, escreve a AFP.