Um manifestante foi hospitalizado esta quarta-feira em Atenas depois de ter sido gravemente ferido na cabeça com um cassetete durante um protesto contra as medidas de austeridade impostas pelo governo, informou fonte hospitalar.
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O homem, um militante de esquerda com cerca de 30 anos, foi atingido durante confrontos à margem de uma manifestação organizada pelos sindicatos no centro de Atenas, no âmbito de uma greve geral de 24 horas em todo o país.
O ferido foi levado para um hospital em Nikéa, um subúrbio a sudoeste de Atenas, onde foi operado de urgência, segundo a mesma fonte.A manifestação juntou perto de 10 mil pessoas, segundo a polícia.
Os confrontos surgiram quando um grupo de jovens começou a lançar pedras e "cocktails molotov" ao que a polícia anti-motim grega respondeu utilizando gás lacrimogéneo e granadas atordoantes para dispersar os manifestantes.
De acordo com um porta-voz da Polícia, as unidades anti-distúrbios foram atacadas por um grupos de pessoas encapuzadas já no final da manifestação. Um dos agentes sofreu ferimentos leves.
"Que os ricos paguem a crise e não o povo", gritaram os manifestantes, exibindo cartazes com mensagens contra a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional, organizações que concederam um empréstimo de resgate à Grécia em troca de políticas de austeridade.
Cerca de 9000 pessoas, segundo fontes policiais, desfilaram pacificamente pelas ruas do centro da capital grega, gritando palavras de ordem como: "Povo, não baixes a cabeça e não te deixes vencer".
A greve geral, a segunda este ano, foi convocada pela Confederação dos Trabalhadores da Grécia e o Sindicato dos Funcionários Civis para protestar contra o novo plano de austeridade do governo para poupar 76.000 milhões de euros até 2015.
"Não permitiremos que nos roubem o nosso trabalho, o pão das nossas casas e que reduzam o pessoal nas empresas", disse um funcionário da empresa ferroviária, uma das que vão sofrer cortes de pessoal, citado pela agência noticiosa espanhola EFE.
A greve obrigou ao cancelamento de mais de 100 voos e a alterar os horários de dezenas de outros, devido a uma paralisação de quatro horas dos controladores aéreos, de acordo com fontes do aeroporto de Atenas.
As lojas do centro da capital encerraram e protegeram as montras para evitar prejuízos em caso de distúrbios, como os que se registaram durante uma manifestação há um ano e que levaram à morte de três pessoas num ataque à bomba contra uma sucursal bancária.
As lojas de outros bairros de Atenas e de outras cidades abriram hoje com normalidade. Os bancos privados também abriram portas, apesar do apelo à greve do sindicato dos bancários, mas em muitas filiais o número de funcionários a trabalhar é inferior ao habitual.
Os barcos com destino às ilhas ou a Itália também foram suspensos devido à greve dos trabalhadores dos portos, assim como as ligações ferroviárias.
Os transportes públicos de Atenas também foram suspensos às primeiras horas da madrugada, mas a meio da manhã voltaram a funcionar para permitir o acesso dos manifestantes ao centro da capital.
As escolas estavam encerradas, devido à adesão dos professores à greve, e os hospitais públicos só estavam a atender casos de emergência, tendo adiado todas as cirurgias e consultas previstas.
Serviços municipais, incluindo creches, ministérios e organismos públicos estavam encerrados.
Os jornalistas também aderiram à greve em protesto pela vaga de despedimentos dos últimos meses, a redução de salários e o encerramento de órgãos, pelo que a Grécia não tem hoje informação.
A greve geral de hoje realiza-se num contexto de grande tensão dadas as repetidas notícias segundo as quais a Grécia vai ter de pedir um novo pacote de ajuda externa ou de reestruturar a dívida.