Manifestantes bloquearam esta segunda-feira de manhã várias estradas em Israel, como ponto de partida do dia de greve geral para exigir um cessar-fogo na Faixa de Gaza que garanta o regresso dos sequestrados pelo grupo islamita Hamas.
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"As famílias dos reféns apelam à população que tome uma atitude e que se junte na sua luta para acabar com o abandono e trazer os seus entes queridos de volta para casa", lê-se no apelo emitido no domingo pelo Fórum das Famílias de Reféns e Sequestrados, pedindo às pessoas que se reunissem numa série de estradas no país a partir das 7 horas, no horário local (5 horas em Lisboa).
Nas imagens divulgadas pelos organizadores, mais de uma centena de pessoas estavam num cruzamento da estrada de Ra'anana, no centro de Israel, a cerca de 15 quilómetros de Telavive, a hastear bandeiras enquanto grande parte do trânsito permanecia interrompido.
"Há sangue nas mãos do Governo", gritavam os manifestantes na estrada de Ra'anana.
No norte de Telavive, uma centena de pessoas também se dirigiu ao cruzamento de Namir Rokah para bloquear o trânsito, enquanto na cidade central de Modiin, os manifestantes leram os nomes da lista de reféns na escadaria da Câmara Municipal.
De acordo com os meios de comunicação locais, os bloqueios causaram atrasos no trânsito durante vários minutos ao longo da manhã de hoje.
Os protestos enquadram-se no primeiro dia da greve geral convocado hoje pelo Histadrut, o maior grupo sindical de Israel, afetando os transportes, as instituições de ensino, os bancos, câmaras municipais, entre outros organismos.
Alguns manifestantes dirigiram-se essa manhã aos arredores da casa de Arnon Bar-David, presidente da federação sindical, em Kiryat Ono - também no centro do país - para lhe agradecer o facto de ter convocado a greve.
Um porta-voz da Histadrut disse à cadeia de televisão israelita 12, a mais popular do país, que a federação sindical está a considerar prolongar a greve até terça-feira.
O aeroporto internacional Ben Gurion, em Telavive, suspendeu as partidas de voos durante duas horas, embora já tenham sido retomadas.
Até ao momento, algumas das empresas relacionadas com os transportes que apoiaram a greve são a autoridade aeroportuária de Israel e os portos de Haifa, Ashdod, Eliad e Hadera, assim como a Companhia de Energia de Israel e os Correios.
Além disso, a Universidade Hebraica, a Universidade de Haifa, a Universidade Aberta ou a Universidade Ben Gurion são alguns dos 17 centros universitários que confirmaram a sua participação, assim como seis bancos do país.
O Procurador-Geral israelita pediu hoje ao Tribunal do Trabalho que se pronuncie contra a greve da Histadrut, garantindo que "não é uma greve devido a uma disputa coletiva de trabalho e é, portanto, uma greve política".
A decisão surge depois de o Ministro das Finanças de extrema-direita, Bezalel Smotrich, ter contactado no domingo o Procurador-Geral da República para solicitar medidas cautelares relativamente à greve.
"Esta é uma greve política que não está sob a autoridade da Histadrut", escreveu Smotrich na rede social X.
No total, de acordo com estimativas do jornal Haaretz, cerca de 300 mil pessoas manifestaram-se no domingo em Telavive, num das maiores protestos de sempre para exigir ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, um cessar-fogo na Faixa de Gaza e o retorno dos reféns israelitas.
Vinte e cinco manifestantes que participaram no protesto estão sob custódia da polícia, informou hoje o Haaretz.
As forças armadas israelitas anunciaram, no domingo, que recuperaram em Gaza os corpos de seis das mais de 250 pessoas raptadas nos ataques do movimento islamita palestiniano Hamas em Israel, a 7 de outubro de 2023, que desencadearam a guerra em curso e mataram cerca de 1200 pessoas do lado de Israel.
Na Faixa de Gaza, as operações militares israelitas já fizeram mais de 40 mil mortos, segundo o grupo islamita Hamas.