Manifestantes mascarados ergueram barricadas no centro de Hong Kong, logo após o Governo invocar uma lei de emergência que proíbe o uso de máscaras.
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Segundo a agência de notícias France-Presse, dezenas de manifestantes empilharam barreiras de plásticos, paletes de madeira ou ainda cones de trânsito numa rua do bairro Central.
A chefe do Governo de Hong Kong anunciou que o uso de máscaras pelos manifestantes vai ser proibido a partir de sábado, uma medida para ajudar a polícia a "acabar com a violência e restaurar a ordem".
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A proibição apenas visa as pessoas que participem em manifestações ilegais e aqueles que recorram à violência, sublinhou Carrie Lam, impedindo-as de ocultarem a sua identidade.
A "lei anti-máscara" prevê penas de até um ano de prisão e multas que podem ascender a 25 mil dólares de Hong Kong (pouco mais de 2900 euros).
A Frente Cívica de Direitos Humanos (FCDH), que tem liderado o movimento pró-democracia em Hong Kong, já condenou a nova lei.
Num comunicado enviado à agência Lusa, a FCDH lamentou que tenha sido invocada legislação de emergência que contraria "a reputação internacional de Hong Kong que se baseia na Lei Básica, que garante a separação de poderes e a independência do sistema judicial".
"Haverá consequências indescritíveis a partir deste regime de ditadura", antecipou o movimento, que integra dezenas de partidos e organizações não-governamentais.
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A FCDH prometeu convocar novos protestos, sublinhando que "o povo de Hong Kong não tem medo e não recuará facilmente".
Na origem da contestação, que se vive no território desde o início de junho, está uma polémica proposta de emendas à lei da extradição, já retirada formalmente pelo Governo de Hong Kong.
Contudo, os manifestantes continuam a exigir que o Governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as ações dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.
A transferência da soberania da antiga colónia do Reino Unido para a China, em 1997, decorreu sob o princípio "um país, dois sistemas".
Tal como acontece com Macau, para Hong Kong foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judicial, com o Governo central chinês a ser responsável pelas relações externas e defesa.