O presidente da Administração de Infraestruturas Ferroviárias de Espanha afirmou, esta sexta-feira, que o maquinista do comboio acidentado em Santiago de Compostela devia ter começado a travar quatro quilómetros antes do local do descarrilamento.
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Gonzálo Ferre afirmou, à agência noticiosa espenhola Efe, que "quatro quilómetros antes do local onde aconteceu o acidente, o maquinista já recebeu a notificação de que devia começar a reduzir a velocidade, porque à saída do túnel tem de ir a 80 (quilómetros) à hora".
Segundo este responsável, todos os sistemas de segurança funcionaram e, de qualquer forma, o maquinista tinha um roteiro com todas as informações.
"Essa é a função do maquinista no comboio, controlar a velocidade, caso contrário era um passageiro", disse.
O presidente da Adif indicou também que o sistema de segurança só pode travar automaticamente um comboio se este seguir a 200 Km/h ou mais, uma velocidade superior aos 190 Km/h a que seguia a composição acidentada.
Esse tipo de sistema de segurança é utilizado apenas nas linhas de alta velocidade e não nas linhas mistas, como era o caso.
Esta distinção foi também sublinhada pelo presidente da Renfe, a empresa ferroviária espanhola, Julio Gómez-Pomar Rodríguez, ao afirmar que o que aconteceu "não foi um acidente na alta velocidade espanhola".
O acidente "não aconteceu numa via de alta velocidade, nem com um comboio de alta velocidade, pelo que não é aplicável o que se entende por acidente com um comboio de alta velocidade", disse, também à agência Efe.
A linha Madrid-Corunha é "uma linha mista, de transição para a alta velocidade, mas que não o é na totalidade e, em particular, no ponto em que aconteceu o acidente", explicou.
"Entre Ourense e Santiago, a via tem sistemas de segurança mistos e na aproximação a Ourense e a Santiago, onde aconteceu o acidente, tem sistemas Asfa, que não são de alta velocidade", insistiu.
O presidente da Adif recusou, por outro lado, que o local possa ser considerado uma curva perigosa, afirmando que o traçado das linhas férreas estão adaptados à geografia, ou um "ponto negro", porque havia um limite de velocidade que afastava o risco de acidente.
"Simplesmente, o que é perigoso é circular a velocidades superiores às que estão definidas para cada traçado", defendeu.