A solidariedade para com as vítimas dos ataques terroristas, em França, levará este domingo a Paris dirigentes políticos de todo o Mundo e, calcula-se, milhões de cidadãos. Já ontem, cerca de 700 mil pessoas desfilaram em várias cidades francesas. A dimensão da "marcha republicana" é um desafio às forças de segurança, cuja atuação foi questionada pelo primeiro-ministro francês, Manuel Valls.
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"Quando 17 pessoas morrem, isso significa que houve falhas", admitiu, citado pela France Presse. Para hoje, Valls disse "não duvidar por um instante que milhões de cidadãos irão afirmar o seu amor à liberdade e à fraternidade".
Para evitar novas falhas, quando o Mundo está de olhos postos em Paris e inúmeros líderes mundiais lá estarão de corpo inteiro, o Palácio do Eliseu montou um gigantesco dispositivo de segurança, com 5500 polícias e militares na capital e atiradores furtivos em telhados, ao longo do percurso. Haverá ainda 150 polícias à paisana para proteger os chefes de Estado e de Governo. No resto do país, as marchas serão policiadas por 1900 elementos das forças de segurança.
Posições mais duras
Entretanto, a política europeia continua agitada. Enquanto a líder do partido de extrema-direita Frente Nacional, Marine Le Pen, apelou à presença dos seus apoiantes em todas as manifestações menos na de Paris, para a qual o partido não foi convidado, já o seu pai - o histórico e afastado presidente - brandia o anti-slogan "Eu não sou Charlie".
Da Direita moderada, o ex-presidente Jacques Chirac defendeu junto do atual, François Hollande, que a República "deve ser implacável", disse o "Le Figaro". Hollande, que ordenou as ações que terminaram com os dois sequestros, acionou extensos meios de segurança. "Ainda não terminaram as ameaças que visam a França como alvo", afirmou.
A linha de endurecimento de posições está a ser seguida por vários países. O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, quer ver surgir um serviço de informações comum da UE e o líder dos serviços secretos ingleses MI5 pediu mais meios legais de vigilância eletrónica, dizendo que a ameaça de novos ataques é crescente.
Terça-feira, o Conselho Europeu pressionará o Parlamento Europeu para que crie um registo eletrónico de quem voa de e para a União. O plenário começa amanhã com um minuto de silêncio.
Atiradores furtivos nos telhados e mais de 5500 polícias e militares tentarão dar a máxima segurança possível à marcha republicana que deverá juntar milhões de cidadãos, este domingo, em Paris.