Elliott Abrams, representante especial dos EUA para a Venezuela, considera que os militares estão ao lado de Nicolas Maduro por medo e que a Rússia o apoia com esperança de reaver o dinheiro que emprestou.
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O facto de os militares ainda estarem ao lado de Nicolas Maduro justifica-se pelo medo que muitos deles têm de represálias, se abandonarem o juramento de fidelidade ao Presidente eleito da Venezuela, afirmou hoje Elliot Abrams, numa videoconferência de Imprensa a partir de Washington.
"No topo da hierarquia, ao nível dos generais, acredito que seja também porque ainda recebem benesses do regime. Mas, entre os soldados, essencialmente, é por medo que ainda estão ao lado de Maduro", explicou o representante especial dos EUA para a Venezuela.
Elliot Abrams disse ainda estar preocupado com o apoio que a Rússia continua a manifestar ao Presidente eleito, por ser um pilar relevante de sustentação do regime, considerando que tem motivações financeiras, para tentar proteger os fundos que emprestaram à Venezuela.
"Mas eu já tive oportunidade de dizer ao embaixador russo em Washington que nunca mais recuperarão esse dinheiro", afirmou Abrams, explicando que, sem desenvolvimento económico, a Venezuela jamais será capaz de devolver os empréstimos contraídos.
O diplomata norte-americano diz que não há um cronograma para a transição de poder na Venezuela, perante a persistência de Nicolas Maduro, e repete a ideias várias vezes transmitida pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, de que "todas as hipóteses estão em cima da mesa".
"Não podemos excluir nada. Nem a intervenção militar. Mas há outras opções que estão agora as ser tentadas, no campo diplomático, económico e social", disse Abrams.
Em resposta a uma pergunta da agência Lusa, Elliot Abrams disse que não tem razões para considerar que o autoproclamado Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, tenha falhado na sua missão, apesar de já ter expirado o prazo de 30 dias para a convocação de eleições presidenciais.
"Guaidó não falhou. Ele continua a lutar para tentar levar o país para a democracia", disse o diplomata, garantindo que Washington continuará ao seu lado até à queda do regime de Maduro.
Para Abrams, de nada servirá tentar estabelecer pontes de contacto com Nicolas Maduro.
"Ele já usou essa técnica connosco, antes: tentar negociar. Apenas serve para ele ganhar tempo. Não teria qualquer efeito prático", explicou Abrams.
Sobre a recente detenção de Roberto Marrero, chefe de gabinete de Juan Guaidó, o diplomata norte-americano considera que foi um ato de intimidação, para testar a capacidade de resposta da oposição.
"Não só o detiveram, como lhe destruíram a casa, para o deter. Foi um teste", explicou Elliot Abrams, que vê nesse ato um sinal preocupante de aumento de clima de repressão por parte do regime de Nicolas Maduro.