A moeda brasileira, o real, valorizou-se, esta quinta-feira, face ao dólar, um dia após a aceitação pelo presidente da Câmara dos Deputados do Brasil de um pedido de impugnação da Presidente, Dilma Rousseff.
Corpo do artigo
O real registou uma valorização de 1,77% em relação à moeda norte-americana à vista, referência no mercado financeiro, e um dólar era vendido a 3,777 reais ao início da tarde no Brasil.
O valor do real face ao dólar comercial, usado no comércio externo, caiu 1,43%, e o dólar chegou a valer 3,780 reais.
O movimento foi congruente com a desvalorização do dólar face às dez mais importantes moedas internacionais, incluindo o euro, o franco suíço e a libra esterlina.
O principal índice da Bovespa (bolsa de São Paulo) subia 4,78% no fim da manhã, e chegou aos 47061 pontos, influenciado pelo avanço de ações de bancos e da petrolífera Petrobras.
De acordo com a agência Bloomberg, dos 63 títulos em negociação, 55 ações estavam a subir e apenas 8 registavam perdas, o que aumenta a perceção de que a abertura de um processo de destituição da Presidente brasileira pode terminar a crise política que está a paralisar a economia.
"Esta reação eufórica do mercado bolsista mostra quanto os investidores estão ansiosos por algum tipo de resolução que termine esta turbulência e prepara o caminho para o país regressar ao crescimento", disse o analista Álvaro Bandeira, do Banco Modal, alertando que "como há muita coisa que ainda pode acontecer antes do final do processo, há que antecipar mais volatilidade nas próximas semanas".
Após a aceitação do pedido de "impeachment" de Rousseff pelo Presidente do Câmara, o Governo brasileiro teve uma vitória no Congresso, com a aprovação da nova meta fiscal.
O projeto de lei aprovado diminui a meta fiscal de 2015 e permite que o Governo termine o ano com um défice no Orçamento de 119,9 mil milhões de reais (29,47 mil milhões de euros), o maior já registado no país.
Caso a mudança não ocorresse, o Governo do país teria de cumprir a meta de excedente primário de 55,3 mil milhões de reais (13,59 mil milhões de euros) e, caso isso fosse impossível, deixaria de cumprir a lei de responsabilidade fiscal.
Apesar da conjuntura positiva hoje, o panorama da economia brasileira é negativo, e a recessão está a aprofundar-se. Números do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados nesta semana mostram uma queda de 1,7% no terceiro trimestre do ano.
Outros dados divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que a produção industrial do país teve uma queda de 0,7% em outubro, na comparação com setembro deste ano, e de 11,2%, se comparada com o mesmo mês de 2014.