Barack Obama afirmou, numa entrevista à NBC, que o dia da operação que levou à morte de Bin Laden foi o mais importante do seu mandato. "Se cometesse alguma falha, ela teria consequências políticas desastrosas para mim", admitiu o presidente dos Estados Unidos da América.
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O presidente norte-americano, Barack Obama, afirmou numa entrevista que a morte de Osama bin Laden, há um ano, foi o dia mais importante do seu mandato como presidente.
"Há momentos na legislatura em que de facto temos que deixar a política de lado", explicou Obama numa entrevista ao canal norte-americano NBC, transmitida esta quarta-feira à noite. "Claro que sei que, se cometesse alguma falha, ela teria consequências políticas desastrosas para mim", admitiu o presidente.
Uma equipa de 51 profissionais da ABC News teve acesso à Casa Branca para entrevistar Barack Obama. Foi a primeira vez que uma televisão captou imagens da Sala de Situação, onde o presidente e auxiliares assistiram aos ataques ao complexo de Bin Laden. Também o vice-presidente Joe Biden e a secretária de Estado Hillary Clinton falaram sobre o assunto.
A reportagem reconstrói, através das declarações dos membros do Governo, os dias anteriores à operação que acabaria com a vida de Bin Laden, o momento em que souberam que a missão se levaria a cabo e como seguiram os acontecimentos a partir da residência presidencial.
Obama afirmou que em nenhum momento duvidou do êxito da missão, apesar do acidente que sofreu um dos helicópteros que estavam a participar na operação. "Quando a máquina não aterrou no lugar certo, todos saltámos e gritamos "WOW", conta Biden na entrevista.
"A única coisa em que eu pensava, durante todo o processo, era no quanto eu queria que os nossos homens chegassem a casa sãos e salvos", comentou Obama. Segundo o presidente dos EUA, a equipa de assessores da Segurança Nacional da Casa Branca tinha consciência de que, se era verdade que Bin Laden estava na residência, "havia altas probabilidades de acabar morto".
"Apostei no risco", reconheceu Obama
"Claro que apostei no risco", afirmou o presidente. "E a razão por que decidi enviar as nossas tropas especiais dos SEALs" (um grupo de elite da Marinha norte-americana) "para tentar capturar ou matar Bin Laden em vez de tentar outras opções, foi porque confiava a 100% nos próprios agentes", explicou Obama. Contudo, o presidente dos EUA reconheceu, também, que no momento da operação os comandantes estadunidenses não sabiam com segurança a localização de Bin Laden.
"Naquele momento, não sabíamos se havia túneis subterrâneos que lhe permitissem escapar", disse Obama, para explicar o alto nível de sigilo em torno da missão. "Qualquer menção à operação na imprensa iria assustá-lo", justificou.
Nem à primeira dama, Michelle Obama, o chefe de Estado norte-americano contou nenhum detalhe da operação, nem a noite em que decorreu. "Disse-lhe que muito provavelmente não podia jantar com elas porque tinha outras coisas para fazer, e no final tivemos que fazer um anúncio muito importante", contou Obama.
A partir daí, começou um dia histórico que acabaria com centenas de jovens a celebrar, de forma espontânea, a morte do inimigo número um dos Estados Unidos da América. Os seus cânticos surpreenderam Obama enquanto comunicava a notícia às suas filhas, demasiado jovens para recordar os atentados de 11 de Setembro de 2011. No entanto, afirmou Obama, elas "cresceram sob a sombra dos ataques e do terrorismo, e sabiam quem era Osama bin Laden".
Depois da tensão, não houve celebrações
Uma das imagens que, naquela noite, se tornaram célebres foi a dos assessores do presidente a seguir a operação em direto a partir de uma das divisões da Casa Branca, com o vicepresidente Joe Biden e a secretária de Estado Hillary Clinton a olhar fixamente para o ecrã. Na entrevista à NBC, Obama explicou, com a fotografia nas mãos, que foram "os 40 minutos mais longos" da sua vida e que, depois da tensão, não houve celebrações.
Clinton acrescentou, numa das suas declarações ao jornalista da NBC, que "foi um momento em que todos olhamos em redor e pensamos 'bem, acabou'". Imediatamente a seguir, o presidente chamou todos os seus antecessores do cargo e os membros do Congresso para que soubessem a notícia antes de ela ser revelada, nessa mesma noite.