A mulher do Nobel da Paz 2010, Liu Xia, encontrou-se hoje, domingo, com o marido, Liu Xiaobo, preso há quase dois anos numa cadeia no nordeste da China, disseram activistas dos Direitos Humanos.
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O encontro ocorreu à tarde (hora local), indicou o Centro de Informação para os Direitos Humanos e a Democracia, com sede em Hong Kong, citando a sogra de Liu Xiaobo.
Advogados do casal alertaram de manhã a Imprensa internacional que perderam o contacto com Liu Xia desde sexta-feira à noite, quando a mulher do Nobel da Paz terá saído de Pequim sob escolta policial, para ir encontrar-se com o marido.
Liu Xiaobo, condenado há cerca de um ano por actividades consideradas "subversivas", cumpre uma pena de 11 anos de prisão numa cadeia da província de Liaoning, a cerca de 400 quilómetros de Pequim.
É a terceira detenção de Liu Xiaobo desde a sangrenta repressão do movimento pró-democracia da Praça Tiananmen, em Junho de 1989.
Liu Xiaobo, 54 anos, foi detido pela última vez em Dezembro de 2008, depois de ter lançado através da Internet um abaixo-assinado a favor da introdução de reformas políticas democráticas na China, como o fim do regime de partido único, a liberdade de expressão e associação, e a independência do poder judicial.
Para o Governo chinês, Liu Xiaobo é "um criminoso condenado por violar as leis chinesas" e os apelos para a sua libertação constituem "uma ingerência nos assuntos internos da China".
A atribuição do Nobel da Paz 2010 foi largamente ignorada pelos órgãos de informação chineses.
A agência noticiosa oficial chinesa limitou-se a difundir o protesto do governo contra a decisão do Comité Nobel norueguês, que considerou "contrária aos objectivos do galardão".
O porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros advertiu que o caso "pode prejudicar" as relações sino-noruegesas.
Um dos raros jornais de Pequim que abordou o assunto na primeira página, o "Global Times", acusou o Comité norueguês de pretender "impor os valores ocidentais à China".
"Obviamente, o Prémio Nobel da Paz deste ano visa irritar a China, mas não irá conseguir isso. Pelo contrário: o Comité Nobel desgraça-se a si próprio", disse aquele jornal, uma publicação em inglês do grupo Diário do Povo, o órgão central do Partido Comunista Chinês.
O "Global Times", como a agência noticiosa oficial chinesa, não menciona as razões evocadas pelo Comité Nobel norueguês.
Liu Xiaobo foi escolhido "pela sua longa e não violenta luta pelos direitos humanos básicos na China", disse o Comité.
O Comité reconheceu "os progressos económicos" alcançados pela China durante as últimas décadas, salientando que "centenas de milhões de pessoas saíram da pobreza" e o país é hoje "a segunda maior economia do mundo".
Mas "o novo estatuto" internacional da China "deve implicar acrescidas responsabilidades", considerou também o Comité Nobel norueguês.