No dia 26 de agosto, um navio de bandeira de Malta pediu à Noruega autorização para atracar junto à cidade de Tromso, no norte do país. A bordo estão 20 mil toneladas de nitrato de amónio, com capacidade explosiva semelhante a uma bomba atómica.
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O "Ruby" saiu da cidade russa de Kandalaksha em direção a Las Palmas, em Espanha, mas uma tempestade junto ao país nórdico, com ondas de 25 a 30 metros, terá levado a tripulação a pedir autorização para atracar. O pedido foi aceite, mas assim que a cidade ficou a conhecer o que existia dentro do colosso da navegação, a apreensão tornou-se generalizada. Poucas horas depois, as autoridades norueguesas pediram ao navio que se fizesse de novo ao mar.
A embarcação, de 183 metros de comprimento, carrega 20 mil toneladas de nitrato de amónio, a mesma substância química que causou um desastre sem precedentes em Beirute, no Líbano, em 2020, causando uma explosão que matou mais de 200 pessoas.
Na Noruega, o "Ruby" parou a menos de 500 metros de distância de um hospital-escola com mais de seis mil trabalhadores e camas para 600 pacientes, noticiou o jornal norueguês "The Barents Observer". "Fizemos uma inspeção a bordo e conversamos com a tripulação. As nossas inspeções não identificaram qualquer risco associado à carga do navio", afirmaram os serviços de emergência e incêndios de Tramso, ao jornal.
A caminho da Lituânia
Depois de ter recebido ordem de partida, o "Ruby" tem agora o porto de Klaipeda, na Lituânia, como destino, mas há informações de que a tripulação terá reportado danos a bordo, no leme e na hélice.
Aos jornais lituanos, as autoridades marítimas afirmam que o plano é agora descarregar o nitrato de amónio para que o navio possa entrar num dos estaleiros do porto para reparação, avança o "The Maritime Executive". As circunstâncias da operação estão a ser avaliadas "cuidadosamente" e espera-se uma decisão “num futuro próximo”.
Depois de sair de Tromso, a 4 de setembro, as autoridades norueguesas permitiram que o "Ruby" atracasse em Vannoy, onde foi criada uma zona de segurança de cerca de 500 metros ao seu redor.
Neste momento, o barco, que foi construído há 12 anos, em 2012, está a navegar no mar do Norte e prevê-se que chegue à Lituânia no dia 22.
Desastre arrasou porto de Beirute em 2020
A carga que está no "Ruby", o nitrato de amónio, terá uma capacidade explosiva semelhante à de uma bomba atómica. A substância, utilizada como fertilizante e para fabricar explosivos, está na origem de vários incidentes em todo o Mundo. O de maior dimensão ocorreu no porto de Beirute, em 2020.
Há quatro anos, a 4 de agosto, 2750 toneladas de nitrato de amónio explodiram na capital libanesa - uma quantidade oito vezes inferior à que existe dentro do navio. O carregamento que originou o incidente ficou num armazém mais de seis anos. "É inaceitável e não podemos calar-nos sobre esta questão", afirmou na altura o então primeiro-ministro libanês, Hassan Diab.
Duas enormes explosões causaram na altura mais de 200 mortos e milhares de feridos. As imagens da devastação eram impressionantes e a força do incidente foi tal que a deflagração foi sentida no Chipre, a mais de 200 quilómetros de distância.