A Turquia registou uma temperatura recorde de 49,5°C, quebrando o recorde de 2021 de 49,1ºC. Especialistas alertam que uma onda de calor na bacia do Mediterrâneo chegou para ficar durante as próximas décadas.
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A temperatura recorde foi registada na terça-feira passada na província de Eskisehir, na Anatólia central, escreveu o ministro do Meio Ambiente, Mehmet Ozhaseki, na rede social X, anteriormente conhecida como Twitter.
Esta temperatura supera o recorde anterior, estabelecido a 20 de julho de 2021, quando a temperatura atingiu 49,1ºC em Cizre, Şırnak, no sudeste do país.
O ministério alertou os turcos para ficarem no interior das suas casas o máximo de tempo possível, especialmente durante as horas mais quentes do dia, das 11 horas às 16 horas, numa altura em que a onda de calor continua a provocar incêndios florestais em todo o país.
O serviço meteorológico nacional da Turquia alertou, na quarta-feira, que a onda de calor vai continuar a superar as temperaturas sazonais normais em até 11°C. A principal razão por trás dos recordes de calor são as alterações climáticas, de acordo com Baris Onol, professor de meteorologia da Universidade Técnica de Istambul. "A Turquia estará muito mais exposta a altas temperaturas nos próximos 30 a 40 anos, como o resto da região do Mediterrâneo", disse Onol.
Europa devastada por incêndios
O calor não se ficou pela Turquia, tendo afetado uma grande parte da Europa. Em Itália, a maior parte do país viu as temperaturas ultrapassarem os 40ºC, sendo que Sicília atingiu os 48ºC a meio de julho. O país viu-se a braços com diversos incêndios e milhares de pessoas tiveram de ser retiradas da região de Palermo.
A Grécia também foi fortemente atingida por incêndios florestais, nomeadamente nas ilhas de Rodes, no mar Egeu (sudeste), Corfu, no mar Jónico (noroeste) e Eubeia, uma grande ilha a leste de Atenas. Nestas conhecidades ilhas turísticas, milhares de pessoas tiveram de ser retiradas numa operação sem precedentes. O país chegou aos 46,4ºC no final do mês.
Em Espanha, a agência meteorológica emitiu alertas para temperaturas que podiam atingir os 44ºC em Aragón, Catalunha e Maiorca. Um incêndio na ilha de La Palma, nas Canárias, queimou cinco mil hectares e obrigou quatro mil moradores a deixar a região.
A onda de calor passou ainda noutros países, que experimentaram temperaturas mais altas do que o normal durante vários dias no mês de julho. É o caso do Chipre (45ºC), Bulgária (41ºC), Croácia (40ºC), Alemanha (38ºC), Eslovénia (37,2ºC) e Áustria (36ºC).
Calor global preocupa
Os dados mais recentes do Copernicus Climate Change Service (C3S) verificaram que a temperatura do ar da superfície global em julho de 2023 atingiu uma alta histórica desde 1940 com 17,18°C. Em julho, as temperaturas foram aproximadamente 1,5°C mais altas do que a média registada entre 1850 e 1900, um limite estabelecido pelo Acordo de Paris.
A Organização Meteorológica Mundial alertou que pode haver novos recordes globais e nacionais de temperatura, uma vez que intensas ondas de calor atingem o sul dos EUA, Mediterrâneo, norte da África, Médio Oriente e alguns países da Ásia durante o verão. Também a Organização das Nações Unidas (ONU) avisou que o Mundo deve preparar-se para ondas de calor mais intensas.
As temperaturas extremas estão a causar preocupações de saúde. Um estudo publicado no mês passado revelou que mais de 60 mil pessoas morreram na Europa devido ao calor no verão de 2022, que foi o mais quente já registado no continente. De acordo com as estimativas dos cientistas, sem uma resposta efetiva, a Europa vai enfrentar uma média de mais de 68 mil mortes todos os verões até 2030 e mais de 94 mil até 2040.