Manuel José, treinador português do clube egípcio Al-Ahli, chegou, esta manhã de sábado, ao aeroporto Sá Carneiro, no Porto, onde recordou o "dia terrivelmente triste" em que dezenas de pessoas morreram no estádio de Port Saïd.
Corpo do artigo
O treinador português chegou acompanhado pela mulher, Eugénia, e pelo treinador adjunto Pedro Barny e tinha o seu filho, Rui Manuel, à espera para o receber.
Manuel José diz estar convicto de que sobreviveu à tragédia graças à empatia que tem com o povo egípcio. "Tenho uma relação estranha, que nem consigo explicar, como o povo egípcio. Eles gostam de mim e penso que foi isso que me salvou". O povo do Egipto é "simpático, afectivo e generoso", descreveu.
O treinador já garantiu que irá regressar ao Egipto e aos treinos do Al-Ahli e que tem a passagem de regresso marcada para o dia 16.
Contudo, afirma que os seus "jogadores estão profundamente magoados" e que "alguns querem terminar a carreira e deixar o futebol".
Perante isto, Manuel José diz que "é preciso deixar acalmar os ânimos" e lembra os adeptos do Al-Ahli que morreram, "alguns deles garotos de 15 e 16 anos", e que agora "é preciso honrar".
Da noite da tragédia em que morreram 74 pessoas, o treinador recorda "um dia terrivelmente triste" o facto de haver "um incrível aparato militar e de ninguém mexer um dedo".
Manuel José diz não ter provas de que foi uma acção orquestrada, mas acredita que "tudo indica que sim". Enquanto os jogadores e a equipa técnica fugiram para os balneários, o treinador ficou no meio do relvado aquando da invasão dos adeptos do Al-Ahli e do Al-Masri, onde levou pontapés e murros.
"Estava no meio de milhares de pessoas completamente em transe", recordou.
Este sábado, vai para Espinho passar o dia com a família. "Quero comer e descansar. Tenho 66 anos e estou pior do que um chapéu de um pobre".