Arranca nesta terça-feira o debate de alto nível da 78.ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque. Veja a seguir quais serão os assuntos mais discutidos durante o evento.
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Qual o tema deste ano?
O tema escolhido para 2023 é "Reconstruir a Confiança e Reacender a Solidariedade Global". Num Mundo cada vez mais marcado pela divisão entre o Ocidente e o Sul global, a vice-secretária-geral Amina Mohammed pediu um compromisso para a construção do multilateralismo.
Já Dennis Francis, representante de Trinidad e Tobago e presidente da 78.ª Assembleia Geral das Nações Unidas, instou uma reforma com urgência da ONU, para corresponder aos atuais desafios. "Procurarei melhorar as abordagens atuais e adotar novas com soluções prováveis, à medida que nos esforçamos para entregar, ou pelo menos fortalecer, as bases para alcançar a paz, a prosperidade, o progresso e a sustentabilidade", afirmou em junho o diplomata.
Como será abordada a guerra na Ucrânia?
Apesar de quatro dos cinco chefes de Estado dos membros permanentes do Conselho de Segurança estarem ausentes – China, França, Reino Unido e Rússia –, a guerra na Ucrânia vai estar no foco das discussões. Volodymyr Zelensky comparecerá de forma presencial ao evento pela primeira vez desde a invasão russa, em fevereiro de 2022. No discurso que fará esta terça-feira, o presidente ucraniano deverá pedir uma condenação da invasão. "Para nós, é muito importante que todas as nossas palavras, todas as nossas mensagens sejam ouvidas", declarou.
Zelensky, que na segunda-feira visitou um hospital em Nova Iorque que está a tratar soldados ucranianos, questionou ainda a presença da Rússia nas Nações Unidas. O chefe de Estado de Kiev participará ainda de uma reunião do Conselho de Segurança na quarta-feira, em que deverá ficar cara a cara com o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov. No mesmo dia, o presidente ucraniano encontrar-se-á também com o presidente brasileiro Lula da Silva, e na quinta-feira, Zelensky irá à Casa Branca, para discutir a guerra com Joe Biden.
E a questão climática?
O tema do clima deverá ser trazido aos debates da Assembleia Geral por diversos chefes de Estado, como Lula da Silva, tradicionalmente o primeiro a discursar. Nos discursos internacionais, o presidente brasileiro aborda sempre a questão da Amazónia e pede que os países do Norte global paguem para ajudar no combate à desflorestação.
A questão climática terá protagonismo durante a Cimeira de Ação Climática, que acontecerá na quarta-feira. O evento será usado pela Aliança de Pequenos Estados Insulares, com 39 Estados, para pedir ações mais audaciosas para o fim do uso dos combustíveis fósseis e a adoção de fontes de energia renováveis. "É desanimador testemunhar a falta de ambição sobre o que realmente nos aflige – as emissões provenientes dos combustíveis fósseis", lamentou o grupo num comunicado, citado pela agência Reuters.
Há outros assuntos na mesa?
Durante a cimeira dos ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável), que decorre na véspera e no dia da abertura dos debates da Assembleia Geral, António Guterres urgiu para o cumprimento das 17 metas estabelecidas em 2015 para uma trasformação global até 2030. "Os ODS não são apenas uma lista de metas. Eles carregam as esperanças, sonhos, direitos e expetativas de pessoas de todos os lados", afirmou, pedindo uma "reforma fundamental das relações globais sociais, económicas e políticas".
A pobreza e a desnutrição foram destacadas pelo presidente da 78.ª Assembleia Geral. Dennis Francis salientou que os impactos das crises que afetam o Mundo são mais sentidos por aqueles que vivem em circunstâncias mais precárias. "Com uma ação concertada e ambiciosa, ainda é possível que, até 2030, mais de 124 milhões de pessoas sejam tiradas da pobreza e garantir que menos 113 milhões sofram de subnutrição", acrescentou.
Além do financiamento para o desenvolvimento do Sul Global, outro assunto que deverá ser trazido à mesa pela Itália é a crise imigratória. O ministro dos Negócios Estrangeiros de Roma, Antonio Tajani, que cobra uma "ação global" para lidar com a questão das migrações, falou sobre o tema em Nova Iorque, no dia anterior dos debates, afirmando que a situação "já explodiu".