Numa conversa telefónica de 90 minutos, o presidente norte-americano disse ao homólogo russo para fazer recuar as forças russas para as bases na Crimeia e advertiu Vladimir Putin contra um isolamento internacional crescente, se mantiver a intervenção na Ucrânia.
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Este contacto entre Barack Obama e Vladimir Putin ocorreu durante a reunião com a equipa de segurança nacional, na Casa Branca, em Washington, para examinar as opções políticas para resolução da crise.
A decisão de reunir a equipa de segurança nacional dos Estados Unidos surgiu depois de o Conselho da Federação, câmara alta do parlamento russo, ter autorizado "o recurso às forças armadas russas no território da Ucrânia".
Barack Obama disse a Putin que a Rússia tinha violado a lei internacional ao destacar tropas russas na Ucrânia.
Obama pediu a Putin um diálogo pacífico com as autoridades de Kiev relativamente às preocupações sobre o tratamento dado à população que fala russo na Ucrânia, indicou a Casa Branca.
Os movimentos de tropas russas na Ucrânia constituem uma "clara violação da soberania e da integridade territorial da Ucrânia, o que é uma infração da lei internacional, e das obrigações da Rússia nos termos da Carta das Nações Unidas", disse Obama a Putin, de acordo com a presidência norte-americana.
"Os Estados Unidos condenam a intervenção russa em território ucraniano", sublinhou.
Washington afirmou "reconhecer os laços históricos e culturais sólidos entre a Rússia e a Ucrânia, e a necessidade de proteger os direitos da população que fala russo e das minorias" no país.
Obama pediu também o início de um "diálogo entre a Rússia e o governo ucraniano, com assistência internacional se necessário. Os Estados Unidos estão prontos a participar" nesse diálogo.
De acordo com um comunicado do Kremlin, Putin disse a Obama que a Rússia tinha o direito "de proteger interesses e as populações" que falam russo, em caso de violência no leste da Ucrânia e na Crimeia, península no sul da Ucrânia, onde a população fala russo e onde está estacionada a frota russa do Mar Negro.
Putin lembrou "a verdadeira ameaça que pesa sobre as vidas e a saúde dos cidadãos russos em território ucraniano", bem como "as ações dos ultranacionalistas apoiados pelas atuais autoridades em Kiev".
A conversa entre os dois líderes centrou-se na "situação extraordinária na Ucrânia" e decorreu por iniciativa da parte norte-americana.
A administração norte-americana decidiu suspender a participação nas reuniões preparatórias da cimeira do G8 (Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Canadá, Estados Unidos, Japão e Rússia), prevista em junho, na Rússia, de acordo com um comunicado oficial divulgado após o telefonema entre Obama e Putin.
Em Kiev, as novas autoridades pró-europeias colocaram o exército em estado de alerta e acionaram um plano de ação caso se verifique "uma agressão russa".
Vários locais estratégicos na península da Crimeia estão sob controlo de homens armados e uniformizados, mas sem insígnias. Este "exército" controla os aeroportos de Simferopol, a capital, de Sebastopol, e também o centro de Simferopol. Em vários edifícios oficiais foi hasteada a bandeira russa.
A Crimeia, que integrava a Rússia no tempo da URSS e só passou a ser território ucraniano em 1954, continua a ser a base da frota russa do Mar Negro, no âmbito de um acordo entre os dois países.
Com a maioria da população a falar russo, esta é a região da Ucrânia que mais se opõe às novas autoridades no poder em Kiev.
Mas os focos de tensão alastraram-se também as grandes cidades do leste do país, tradicionalmente pró-russas, como Kharkiv e Donetsk.
O Conselho da Federação, câmara alta do parlamento russo, autorizou "o recurso às forças armadas russas no território da Ucrânia".
Na sexta-feira, Kiev denunciou a "invasão armada" da Rússia na Crimeia", península do sul do país onde se fala russo e está localizada a frota da Rússia do Mar Negro.