A organização holandesa Solidaridad, que apoia o desenvolvimento e participou na criação da associação de comércio justo Max Havelaar, está identificada nos Documentos do Panamá.
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De acordo com os jornais diários holandeses "Trouw" e "Financieel Dagblad", a organização holandesa Solidaridad possui uma rede internacional de empresas de caixas de correio sediadas na África do Sul, Hong Kong e Panamá.
A Solidaridad utiliza uma fundação no Panamá, onde não tem quaisquer empregados ou atividades, para pagar as organizações com quem possui relações na América Central e na América do Sul, revelam os dois jornais. "A Solidaridad não deve, portanto, pagar impostos sobre transações internacionais", afirmam.
ONG Solidaridad garante ser "completamente transparente"
Os dois jornais fazem parte do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (na sigla em inglês, ICIJ), que tem divulgado desde domingo documentos sobre práticas financeiras e fiscais duvidosas de personalidades do mundo inteiro, depois da fuga de informação de uma das maiores operadoras de "offshores" [paraísos fiscais] do mundo, a Mossack Fonseca.
"Essas afirmações são falsas", reagiu a ONG no seu site, acrescentando: "Não é de maneira nenhuma uma questão de evasão fiscal, as atividades desenvolvidas no Panamá não são simplesmente tributáveis".
Graças ao seu estatuto, a ONG não paga impostos na Holanda e não quer pagar pelas suas transações internacionais, asseguram os dois diários.
A Central Bureau Fundraising (CBF), fundação independente que monitoriza a angariação de fundos de organizações de solidariedade, diz não estar informada sobre a existência dessa fundação no Panamá e afirmou que vai tentar determinar se a Solidaridad respeitou os "critérios de ONGs".
A Solidaridad garante ser "completamente transparente" no que diz respeito às suas atividades.
A ONG assegurou que os contactos com o escritório de advocados Mossack Fonseca, que, de acordo com os Documentos do Panamá, "operava um labiríntico sistema de evasão fiscal", foram imediatamente interrompidos, e frisou que a "Solidaridad não quer estar associada a empresas que não pagam impostos em seu próprio benefício".
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Segundo o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla inglesa), com sede em Washington, que reuniu para este trabalho 370 jornalistas de mais de 70 países, mais de 214 mil entidades "offshore" estão envolvidas em operações financeiras em mais de 200 países e territórios em todo o mundo.
O semanário "Expresso" noticia este sábado que há mais de 240 portugueses nas "offshores" do Panamá, entre os quais os nomes mais conhecidos são Luís Portela, Manuel Vilarinho e Ilídio Pinho.